Algumas pessoas enfrentam um grande medo de se apaixonar e ter uma vida amorosa plena. Este medo, aparentemente impossível de entender, pode ser identificado como filofobia. Trata-se de um transtorno que leva as pessoas a temer o estabelecimento de vínculos afetivos ou românticos com outras pessoas.
Experimentar esse sentimento é uma experiência assustadora que pode causar sérios danos emocionais e até mesmo pânico. Diante deste tema complexo, decidimos explorá-lo mais profundamente e compartilhar detalhes sobre a filofobia. Acompanhe conosco a seguir para entender melhor esse fenômeno.
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O que é filofobia?
Conforme mencionado, essa é a definição para pessoas que têm um pavor de se apaixonar em algum momento de suas vidas! Também pode ser o medo de iniciar um relacionamento e mantê-lo por muito tempo. Além disso, a filofobia pode levar as pessoas a se sentirem sozinhas e indesejadas em circunstâncias extremas.
Embora essa condição não seja considerada uma doença médica, os especialistas em saúde mental ainda se esforçam para ajudar pacientes que a enfrentam, especialmente quando interfere significativamente em suas vidas.
De acordo com o especialista em psicologia Jesús Linares, professor da Universidade Europeia (UE) e membro do Conselho Oficial de Psicologia (COP):
“As perturbações fóbicas representam medos persistentes, irracionais e intensos de pessoas, objetivos, situações… Quando falamos de filofobia, embora esta fobia não esteja incluída em nenhum manual de diagnóstico, refere-se a um medo irracional do amor. Ou seja, de iniciar e manter uma relação sentimental. A origem deste tipo de medo assenta essencialmente na nossa história de aprendizagem: a forma como o nosso contexto e a gestão do mesmo moldaram as nossas respostas e aprendizagens interiorizadas. Por exemplo, a nossa educação pode ter penalizado a expressão das nossas emoções ou sentimentos. Se aprendemos que não é correto fazê-lo, seja qual for a razão, é muito provável que, nas nossas relações, isso seja um obstáculo difícil de ultrapassa, conduzindo a fracassos habituais e que esses fracassos levem a ver as relações como um fenômeno hostil”.
Uma das razões mais reconhecidas para isso é o fracasso amoroso em relacionamentos passados ou situações traumáticas ligadas ao amor. Por exemplo, o divórcio dos pais pode ser uma causa. Segundo a psicóloga Sandra Ferrera, um exemplo bem conhecido de filofobia pode ser encontrado na Rainha Isabel da Inglaterra, que nunca teve um relacionamento amoroso.
“Alguns historiadores pensam que pode ter sido causada pelo facto de sua mãe, Ana Bolena, ter sido executada pelo marido por ter se apaixonado pelo primo. Pensa-se que este trágico acontecimento a terá levado a renunciar às relações amorosas”.
Causas da filofobia
O medo de se apaixonar compartilha traços comuns com outras fobias de natureza social, como a agorafobia ou a sociofobia, por exemplo. Pessoas que sofrem dessas fobias têm dificuldades para se conectar emocionalmente com outros indivíduos. Até mesmo iniciar uma conversa com um estranho pode ser uma experiência assustadora.
As fobias surgem de uma série de predisposições externas e internas. Normalmente, a filofobia se desenvolve quando o indivíduo, com uma determinada genética e química em seu cérebro, passa por uma experiência traumática muito cedo na vida. Se alguém foi profundamente ferido ou abandonado durante a juventude, é possível que desenvolva receio de se aproximar de alguém que possa infligir a mesma dor.
O medo leva as pessoas a evitarem relações, evitando assim lidar com qualquer tipo de dor. Quanto mais se evita a fonte do medo, mais ele aumenta. Consequentemente, se não for tratada, essa fobia pode afetar significativamente a vida do paciente.
Em muitos casos, pessoas com filofobia começam a encontrar defeitos em seus parceiros. Esse comportamento é um mecanismo de defesa para justificar o afastamento das pessoas com quem estão se relacionando. Dessa forma, elas evitam aprofundar seus sentimentos.
Quais são os sintomas da filofobia?
Os sintomas dessa fobia podem variar de pessoa para pessoa, ou seja, não há uma regra integral. Isso vai depender do nível do medo. Enquanto alguns indivíduos temem as consequências do amor, outros têm medo do drama que uma relação pode trazer. São essas pessoas que normalmente desenvolvem um estado de espírito negativo em relação ao amor.
Geralmente, apenas a ideia de se apaixonar pode provocar reações emocionais e sintomas físicos. Entre os principais estão:
- Falta de ar;
- Sentimentos de pânico;
- Suor frio;
- Ansiedade extrema;
- Boca seca;
- Náusea;
- Tremores;
- Batimento cardíaco acelerado;
- Dificuldades para articular palavras.
E mesmo que a pessoa entenda que esse medo é irracional, ela se sente cada vez mais incapaz de controlá-lo. O transtorno, se não tratado, pode levar à depressão, ansiedade, isolamento social, abuso de álcool e, em situações mais extremas, até mesmo ao suicídio.
Formas de tratamento da filofobia
1. Dessensibilização sistemática
Esta é uma abordagem que consiste em expor os pacientes ao objeto ou situação que eles temem. Alguns psicoterapeutas já utilizam a realidade virtual para criar imagens dos objetos temidos. No caso da filofobia, um paciente poderia se envolver em cenários de ‘encontros’, praticando suas habilidades de relacionamento com uma entidade virtual antes de finalmente partir para um encontro real.
2. Reeducação
Esse método se baseia em fazer uma reconstrução emocional. Logo, seria preciso já um pretendente ou companheiro para refazer o mapeamento sentimental sem qualquer pressão, com acompanhamento e orientação de um profissional. Cada “reconstrução” é individual, uma vez que isso parte de cada caso da fobia.
3. Hipnoterapia
A hipnose pode ser muito eficaz para ajudar as pessoas a remover associações que podem causar ataques de pânico, assim como ajudam a controlar o fumo, comer demais e outros comportamentos.
4. Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
Esse tipo de terapia educa o paciente sobre o ciclo de padrões de pensamentos negativos, além de ensinar técnicas para mudar esses mesmos padrões. Uma simples técnica conhecida como “CBT” consiste em dizer “Pare!” em voz alta ou mentalmente quando os pensamentos negativos surgem.
Diferente de outras terapias para fobias, TCC pode ser conduzida em grupo, dependendo do tipo da fobia. Combinando TCC com a terapia de dessensibilização gradual é muitas vezes mais bem sucedido do que usando o método por conta própria. De acordo com um estudo clínico, 90% dos pacientes não sofreu reações fóbicas observáveis após o tratamento de TCC ser concluído.
5. Programação neurolinguística
Essa é uma abordagem à psicoterapia que tem se mostrando controversa. Profissionais descrevem o seu processo como uma terapia alternativa baseada em educar as pessoas na autoimagem e comunicação para mudar os comportamentos emocionais.
É uma conexão entre os processos neurológicos, a linguagem e padrões de comportamento que foram aprendidas por meio da experiência. Essa terapia foi combinada com a hipnose no tratamento de fobias, mas permanece fora do tratamento mais convencional para fiilofobia.
Fontes: United We Care; Sempre Família; Womens Health; Yuri Busin; UOL;