A síndrome do impostor em relacionamento pode impactar diretamente nas relações amorosas que criamos com alguém. Trata-se de uma sensação de não ser digna de receber amor genuíno de outras pessoas. Logo, isso leva à dificuldade em estabelecer intimidade e à expectativa de abandono em tempo integral.
De acordo com o psiquiatra do Instituto de Psiquiatria Paulista, Henrique Bottura, as origens dessa síndrome podem estar enraizadas na infância e podem ser influenciadas por modelos parentais exigentes ou, na maioria dos casos, em experiências traumáticas como bullying na adolescência. Diante do assunto, decidimos trazer mais detalhes sobre. Confira conosco a seguir.
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O que é a síndrome do impostor?
Segundo Henrique Bottura, essa ansiedade advém de uma personalidade muito autocrítica, um sentimento crônico de insuficiência, desconforto, culpa e baixa autoestima. “Sente ansiedade constante, pensando que pode ser descoberta, como se fosse uma fraude, como se tivesse mentido e enganado. Como se não pertencesse àquele espaço. Está sempre à postos de ser descoberta, como se fosse um perigo”, disse Gabriela Luxo, psicóloga, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento.
Juliana, uma jovem de 22 anos, relata conviver com o sentimento de impostora sempre. De acordo com ela, isso impacta a sua vida afetiva e profissional! “Essa questão da autoestima se reflete em vários âmbitos e ainda mais no amor, porque são nos relacionamentos que a gente expõe nossa vulnerabilidade. Então, é essa insegurança constante de que qualquer pessoa pode ser melhor que você, em qualquer coisa”, disse.
E como é a síndrome do impostor nos relacionamento?
Mariana, de 23 anos, solteira, relatou aos profissionais que sabota qualquer relação amorosa que surge antes mesmo dela começar. É uma insegurança constante que a persegue, impedindo que tente a felicidade ao lado de outra pessoa, como deveria ser.
“Quando estou começando a ficar com uma pessoa, só consigo pensar que irei me magoar e sofrer. Então, começo a ‘caçar’ tudo sobre ele, se ele está conhecendo outra pessoa ou algo do tipo. E eu sempre encontro, até porque a pessoa é solteira, assim como eu. Mas é como se um gatilho muito forte fosse acionado de que aquele lugar não era pra ser meu e sim de uma outra pessoa melhor, mais bonita, etc. Acho que pode ser uma brecha inconsciente para sair disso o mais rápido possível”.
De acordo com Adriana Drulla, mestre em psicologia positiva, a síndrome de impostor no relacionamento pode ocasionar duas situações. A primeira, que é a pessoa se dedicar ao extremo para sustentar uma imagem que ela se convence ser capaz de fazê-la mais amada, valiosa ou aceita.
Obviamente, isso pode fazer com que seja muito mais difícil se abrir, revelar suas vulnerabilidades e valores de forma autêntica. Ou seja, torna-se ainda mais difícil construir intimidade quando se está na defensiva o tempo todo, tentando mostrar-se perfeito.
Mas por outro lado, há a expectativa do abandono iminente que também pode fazer com que estas pessoas enfrentem dificuldade para levar o relacionamento adiante, por exemplo, desconfiando da parceria ou sabotando sua própria relação. Além disso, existe uma crença de não ser o suficientemente bom, o que faz com que as sabotadoras perceberam qualquer erro como um sinal de inferioridade.
Internamente, pessoas assim sentem como se não fossem dignas da parceria ou do relacionamento. Por exemplo, fantasiando que o seu parceiro a deixaria, se por acaso descobrisse certas características que você tem, mesmo que não sejam coisas ruins.
O que causa a síndrome do impostor nos relacionamentos?
De acordo com os profissionais da área, um grande causador é o bullying sofrido na adolescência e, para além de todo o sentimento de inferioridade como consequência do trauma, Henrique Bottura destaca também o papel dos pais na infância para o desenvolvimento da autocrítica constante.
“A causa tem a ver com tendência de auto exigência muito grande, uma autoconfiança muito distorcida. Essa rigidez consigo mesmo pode ser advinda de modelos parentais. Uma família muito exigente pode gerar isso” reforça. Outro forte ponto, levantado por Juliana, é a referência de relacionamentos que, assim como ela, muitas pessoas tiveram com filmes de princesas.
“Quando eu era criança, a gente sempre teve essa ideia que um príncipe ia salvar a gente e isso acaba desembocando na dependência emocional de buscar desesperadamente um relacionamento para te completar. Quando você não tem, não se sente completa e, se tem, não se sente boa o suficiente”.
Como superar a síndrome do impostor nos relacionamentos?
A psicóloga Gabriela Luxo, especialista em casos de síndrome do impostor, aponta que a psicoterapia comportamental como tratamento é ótima para lidar com o problema. Ela ainda listou, a fim de ajudar, alguns exercícios complementares, como:
1. Aceitar elogios
Uma forma de melhorar a autoestima e não se sabotar quando receber um elogio. Pode parecer difícil, mas é recomendado aceita-lo e entender que a outra pessoa pode não estar sendo gentil de maneira forçada. É possível que as pessoas vejam coisas boas em nós, que não conseguimos ver. Não desmereça os elogios!
2. Comemore suas vitórias
Comemore todas as suas vitórias, até mesmo as pequenas. Tendemos a mirar e focar somente em grandes feitos. Mas comemorar os pequenos avanços, nos mais diferentes campos da vida, é muito importante.
3. Verifique os próprios pensamentos
Atenção aos próprios pensamentos e se eles podem ser comprovados. “Será que isso que eu estou pensando é real? Consigo confirmar com quem? Como isso aconteceu?”. É importante buscar informações e isso é uma forma de perceber a realidade.
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Fontes: Estadão; Folha Vitória; UOL; Deu Bom Brasil