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Shibari: método de amarração que estimula corpo e mente

Shibari é um termo japonês que significa ligar ou amarrar. Ou seja, é o ato de amarrar pessoas com cordas por diversos motivos, um deles o sexual. Embora se pareça, e até seja comparado ao BDSM, o shibari tem suas particularidades. Isso porque a prática não se prende apenas ao prazer sexual.

A técnica se expande além da cama, podendo inclusive aumentar a confiança entre o casal. No entanto, é preciso conhecer bem e saber tudo sobre as amarrações para que o prazer não vire dor ou desconforto. Por isso decidimos trazer mais sobre o shibari. Então, continue aí com a gente e bora lá.

Qual é a origem do shibari?

O shibari surgiu na cultura samurai e foi inspirado no hojojutsu, uma técnica desenvolvida ainda no período feudal. Era, portanto, utilizada para amarrar os prisioneiros com cordas. Inclusive, havia várias técnicas para fazer essas amarrações. E os samurais as utilizavam por diversos motivos: torturar, punir ou extrair confissões, por exemplo.

Conforme os anos foram se passando, essas amarrações foram ganhando novos tipos de nós. Os próprios samurais utilizavam diferentes técnicas de amarração a fim de simbolizar a honra de seus prisioneiros. Ou então para coloca-los em uma posição de submissão e humilhação. Para a sociedade, essa era uma péssima e simbólica advertência.

Logo essas técnicas começaram a chamar a atenção pelo sensorial, estético e até mesmo emocional. Portanto, começaram a ser absorvidas pelo universo sensual, o que deu origem ao Bondage Oriental. Quando falamos de submissão por meio de amarrações, logo associamos as duas práticas. Mas a diferença essencial entre elas é justamente o objetivo.

Como praticar o shibari?

O primeiro passo para quem deseja praticar o shibari é procurar um profissional. Mas, se não tiver acesso a algum, a pessoa escolhida precisa conhecer a técnica por completo. Isso exige muito conhecimento para que a segurança prevaleça. De acordo com Luis Ferraz, proprietário da Arte Shibari Brasil, “é fundamental ter muitas informações antes de começar a aplicar o shibari em alguém, e não usar ninguém de cobaia”.

Além disso, ele ainda reforça a importância da seguridade física, psicológica e emocional. “Buscar o profissional que ministre cursos ou workshops para obter informações corretas é o mais indicado”, sugere Luis.

Segundo a sexóloga Lelah Monteiro, antes de praticar o shibari é preciso existir um princípio triplo. Sendo eles: estar são, saudável e ser um ato consensual. Isso porque o shibari exige um conhecimento profundo do corpo e dos limites da pessoa que será amarrada.

De acordo com Dandy del Sur, pornoformer e shibari rigger, o shibari é uma comunicação, uma forma de conversar e, em seletas ocasiões, uma troca de poder. “Se uma pessoa se coloca disponível para que a outra a amarre, é preciso criar negociações para que isso aconteça, porque nem todo mundo está a fim de ser tocado em qualquer lugar todos os dias. O grande objetivo é conduzir a pessoa que será amarrada pelas sensações que ela deseja sentir”, explicou.

O que é preciso fazer

Sendo assim, é necessária uma conversa prévia e a definição de palavras de segurança, assim como nas práticas BDSM. Esse é o código para interromper a prática imediatamente. Para finalizar, Lelah diz que, para a prática ser consensual, é preciso mais do que somente a concordância. Ou seja, é necessário a vontade e a confiança de ambos. De forma simplificada, para praticar o shibari é preciso:

  • Comunicação clara: estabeleça com sua parceria as expectativas, os limites e a palavra de segurança;
  • Material correto: não use qualquer material que encontrar. O indicado é usar cordas de juta artesanal de boa qualidade. Além disso, certifique-se de que elas estejam limpas e secas antes do uso;
  • Conhecimento prévio: essa é talvez a mais importante, como dissemos antes. É de extrema importância ter o conhecimento básico sobre as técnicas de amarração, assim como é preciso conhecer a anatomia humana;
  • Monitoramento a todo o momento: durante a prática, é preciso se atentar à respiração e circulação do sangue. Não ignore os sinais de dor da pessoa amarrada;
  • Consentimento mútuo: Todos os envolvidos no shibari precisam concordar em participar para ser prazeroso. Ressaltamos novamente que tudo precisa ser feito de forma consciente e segura;
  • Emergência: outra recomendação importante é de que tenha uma tesoura sempre por perto. Assim será possível desamarrar rapidamente se for preciso.

Benefícios da prática

Como já ficou claro, a prática do shibari tem vários motivos. Sendo eles: eróticos, performáticos ou artísticos, por exemplo. Quando amarrados, os participantes experimentam novas sensações, como vulnerabilidade, conexão e prazer.

Leviriet, especialista em shibari, afirma que existem alguns benefícios consideráveis. “Você se conecta com o shibarista e consigo mesmo. Presencia seu corpo no espaço de uma forma lúdica. Então, essa vulnerabilidade pode se aliar com outras práticas do universo fetichista para ampliar as sensações durante uma sessão, como wax play, spanking, privação de sentidos, etc”, disse ela.

Além disso, a especialista ainda ressalta que o uso das cordas pode produzir muitas sensações no corpo. Ou seja, por meio da vibração, torções, apertos, pressões, mudanças de temperatura e carícias. Todas essas são próprias da experiência dentro do shibari.

“É comum se falar do rope espace, que é um estado meditativo que pode ocorrer durante a prática, em que o modelo se esvazia de pensamento. Assim, se torna plenamente presente dentro da vivência”, finalizou a profissional.

A técnica vem ganhando muita popularidade em todo o mundo, inclusive no Brasil. Um dos nomes mais populares para a prática é o rigger Turo. Ele afirma que o Shibari pode ter diversos benefícios emocionais e psicológicos para quem pratica.

“A sensação de confiança, entrega e intimidade criada entre rigger e o rope bunny pode ser altamente gratificante e fortalecedora para o relacionamento. Alguns praticantes também afirmam que o Shibari pode ter benefícios terapêuticos, ajudando a aliviar o estresse e a ansiedade. A prática pode ser uma forma de meditação e autoconhecimento, permitindo que os praticantes se conectem com seus corpos e emoções de forma mais profunda”.

Cuidados

Seja durante a prática sexual ou para fins performáticos, ser amarrado por cordas faz com que a vulnerabilidade tome conta. Então, o consentimento é um dos principais pontos. E isso precisa ser feito antes de executar o shibari. É necessário pensar com calma antes de finalmente começar.

É de extrema importância que o praticante se atente aos tipos de nós, além dos locais onde o corpo será ligado. Assim é possível evitar possíveis lesões. “Recomendo para quem tem interesse em realizar sessões, buscar especialistas com boas recomendações. Entrar em contato com pessoas da comunidade, buscando assim referências dos profissionais confiáveis. Além disso, é importante ouvir devolutivas de modelos mais experientes”, recomendou Leviriet.

A profissional ainda ressaltou que um bom profissional irá realizar uma negociação prévia, ou seja, um momento onde as expectativas do modelo serão ouvidas. Então, poderão se estabelecer limites, acordos, checar fatores importantes, como lesões e doenças, além do aftercare (cuidados após a prática).

Para finalizar, Laviriet fez mais algumas recomendações. “O uso de drogas e entorpecentes é vetado, visto que alteram o equilíbrio e o senso de perigo dos participantes. Sendo assim, todas as práticas devem ser feitas de maneira sã e consensual. Nenhum profissional deve limitar a escolha do modelo de ter um acompanhante durante a sessão, visto que esse acompanhante pode assegurar que tudo foi acordado e está sendo bem realizado. Assim, é mais fácil garantir a segurança e o bem-estar do modelo durante e após a sessão”.

Diferenças entre shibari e BDSM

Assim como o BDSM, o shibari também é sobre comunicação, prazer e empatia. Então, é preciso seguir as recomendações para que não seja algo desconfortável. De acordo com Yukimura Haruki, mestre shibari, “o shibari não é como você faz este laço ou aquele laço. É como você usa a corda para trocar emoção com o outro”.

Dependendo da forma, o shibari pode ser desconfortável e não prazeroso. Mas pode também oferecer só prazer. A amarração com cordas pode aumentar a circulação sanguínea, estimulando assim as terminações nervosas. Por isso pode ser tão agradável.

Mas existe a diferença com o BDSM. De acordo com a profissional, “o BDSM envolve uma troca de poder, enquanto o shibari não necessariamente requer essa troca.”

Fontes: Lubs; Motel Tarot; Minha Vida; Dicas de Mulher; Estado de Minas;

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