No livro “Caderno Proibido”, da autora alba Céspedes, a protagonista da obra vive um casamento onde o seu marido a trata como figura materna. Parece estranho à primeira leitura, mas isso não é algo apenas da ficção. Alguns homens tratam parceiras como mães e esperam receber o mesmo tratamento de volta, como se ainda fossem filhos dependentes.
Claro que existem algumas respostas para isso e, já adiantando, pode ser extremamente prejudicial para a relação. Diante de um assunto complexo, mas real, trouxemos algumas informações relevantes. Confira a seguir.
Por que alguns homens tratam suas parceiras como mães?
Sigmund Freud, conhecido como o pai da psicanálise, analisa como a criança, normalmente do sexo masculino, desenvolve seus desejos inconscientes pela mãe. Em contrapartida, acabam rivalizando com o pai. Esse é o Complexo de Édipo. Para Freud, os homens eram capazes de transferir, de forma inconsciente, características da relação materna para suas parceiras quando adultos.
Eles buscam nelas o acolhimento, cuidado e proteção que recebiam na infância. Assim, acabam por idealizar a figura feminina com uma mãe substituta. Mas, diferente do que muitos pensam, essa dinâmica não surge repentinamente.
“Meninos crescem em ambientes onde as mulheres, geralmente mães, assumem responsabilidades excessivas pelo bem-estar emocional e prático da casa. Ao entrar em um relacionamento, eles podem transferir para as esposas essa expectativa de cuidado”, disse Marília Scabora, psicóloga e fundadora da Tribo Mãe.
Segundo a psicóloga e terapeuta familiar e de casal Marina Vasconcelos, o perfil desses homens que se deixa levar por uma “namorada-mãe”, também está ligado aos casados com mulheres ricas, principalmente quando são sustentados, e acomodam-se nessa posição.
Homens pouco ambiciosos e inseguros também tendem a adotar essa postura, bem como os “folgados” e desligados. “Eles se apoiam na figura forte da mulher que cuida de tudo. Os que não têm muita iniciativa preferem deixar tudo para o outro fazer. Quando são desorganizados e se casam com mulheres ordeiras, automaticamente esse comportamento aparecerá, pois é difícil para elas conviver com a bagunça e muito trabalhoso convencer o marido a arrumar tudo, sendo mais fácil fazer por ele”, finalizou.
Como isso prejudica a relação?
De acordo com a terapeuta Marina, grande parte dos homens não gosta de ser tratado como filhos por suas parceiras, uma vez que as mulheres que tem essa atitude acabam tomando frente de sua vida, como se ele não tivesse a capacidade. “Faz parecer que ele é incompetente para muitas coisas. Intromete-se na vida dele de uma forma que chega a ser invasiva”.
Além disso, ela ainda explica que não é saudável uma pessoa se sobressair à outra na relação. Para os que possuem filhos, esse equilíbrio é essencial. “Uma relação conjugal deve estar ancorada na igualdade de posições, e não numa hierarquia, onde um manda no outro”.
Esse comportamento pode ainda afetar a vida sexual. “A mulher tem vários papéis na vida. Com o marido, ela deve ser apenas esposa, deixando o papel de mãe para ser exercido com os filhos, caso tenha. Sexualmente pode ser prejudicial, pois não dá pra se sentir atraído pela mãe”, observa a profissional.
Vera Senatro afirma que os homens dependentes tendem a ter o desenvolvimento comprometido. “Qualquer relação que pretende ser saudável traz a possibilidade de crescimento das partes envolvidas. Se tivermos sempre alguém que nos ‘socorre’, sem nem precisarmos gritar, dificilmente iremos descortinar nossos mananciais. O grande prejuízo afinal é para o casal ou par se aprisionar nesse tipo de relação”, concluiu.
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Fontes: Claudia; Canal Life Time; Extra; Terra