poliamor

Poliamor: o que é como funciona esse tipo de relacionamento?

Amar e ser amado por alguém é o desejo de todas as pessoas. No poliamor, isso vai um pouco além. Trata-se da busca por um ou mais parceiros ou parceiras. Mas nada de traição! No poliamor, essas relações acontecem simultaneamente e com o conhecimento de todos os envolvidos.

De forma resumida, o poliamor defende a possibilidade de se envolver, seja de forma romântico ou apenas sexual, com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

O que é o poliamor e como funciona?

Podemos definir o poliamor como a possibilidade de se relacionar sexualmente e afetivamente com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Uma mulher pode, por exemplo, estar apaixonada por um homem, mas nutrir sentimentos amorosos por uma amiga. Desta forma, se a conexão for singular para os três, podem haver um relacionamento triplo.

E isso não é de hoje. Há muitos anos existem pessoas que se sentem atraídas por mais de um indivíduo. Esse comportamento é normal e natural, principalmente para aqueles que possuem dificuldade em manter um relacionamento “tradicional” com alguém.

O poliamor é somente mais uma, entre tantas formas de demonstrar amor e carinho. Embora haja muito julgamento a respeito dessa forma de vida, é importante ressaltar que não há problema algum e que o mundo precisa de mais amor!

Quais são as formas de poliamor?

– Poligamia

Na poligamia, existe uma pessoa no centro da união que se relaciona com outras pessoas. Por exemplo, uma mulher é casada com outra, mas mantém um relacionamento com outra pessoa. Ainda assim, isso não quer dizer que elas formam um trisal.

Uma das mulheres mantém um relacionamento com outras duas, que não apresentam, necessariamente, contato amoroso entre si.

– Polifidelidade

Essa forma de poliamor faz referência a grupos fechados que mantêm as relações amorosas somente entre si. Ou seja, se três pessoas participam desse vínculo, a paixão está concentrada somente entre elas. E é considerado um ato infiel se um dos participantes se relacionar com alguém de fora do grupo.

E o número pode variar. Existem grupos de polifidelidade compostos por 3, 4, 5, 6 ou mais indivíduos.

– Relações de grupo

Relacionamento em grupo é um conceito que se parece muito com o da polifidelidade, mas eles possuem algumas diferenças. Nas relações em grupos, uma relação se estabelece de forma horizontal entre três ou mais pessoas, ou seja, todas se relacionam sexual ou romanticamente entre si sem qualquer hierarquia entre as partes.

Esse relacionamento “grupal” pode ser aberto ou fechado (polifidelidade). A diferença é quando os membros optam por ser aberto. Desse modo, é possível que eles se relacionem, sexual ou romanticamente, dentro de acordos pré-estabelecidos, com pessoas que estão fora desse “grupo nucelar”.

– Acordos geométricos

Como ficou claro no decorrer do texto, ter um relacionamento poliamoroso significa amar diversas pessoas ao mesmo tempo. E essa construção de elo pode ser feita de muitas formas. Isso porque nem todo mundo que está dentro do mesmo grupo sente-se atraído por todos. Por isso existe os acordos geométricos no poliamor. Algumas possibilidades são:

  • Quadrado: grupo composto por quatro pessoas que possuem relacionamentos amorosos entre si;
  • Triângulo: o famoso e “tradicional” trisal que possui relações entre si;
  • Formato em V: um membro do trisal namora duas pessoas que não possuem vínculos entre si;
  • Formato em N: duas mulheres e dois homens, mas somente as mulheres mantém um relacionamento entro si;
  • Formato em T: duas pessoas possuem um relacionamento, enquanto a terceira pessoa possui apenas um vínculo não tão estreito com o casal.

– Mono-poli

No mono-poli, uma das pessoas é adepta ao poliamor enquanto a outra prefere o relacionamento monogâmico. Desta forma, não é considerado traição quando um deles começa a se relacionar com outras pessoas.

Qual é a diferença entre poliamor e relacionamento aberto?

Para os estudiosos da área, existem diversas formas de relacionamentos não-monogâmicos. Os relacionamentos abertos entram nessa definição, mas não quer dizer que esse tipo de relação seja sinônimo de poliamor.

Os relacionamentos abertos são mais frequentemente associados a pessoas que possuem um parceiro principal, mas podem se relacionar de forma casual e sexual com outras pessoas.

Em outras palavras, nos relacionamentos abertos não há conexão emocional com as pessoas fora do relacionamento principal. Ou seja, o foco são as conexões sexuais.

Qual é a diferença entre poliamor e trisal?

Não há diferença entre o poliamor e o trisal. Afinal de contas, o relacionamento triplo é uma forma de poliamor.

Um trisal é um relacionamento não monogâmico entre três pessoas, como o nome sugere. Ele pode ser fechado, quando os três só se relacionam entre si, assim como pode ser aberto, quando há a possibilidade de relacionamentos fora do grupo.

Existe relação entre poliamor e pansexualidade?

É comum encontrar pessoas que confundem os dois conceitos, mas eles são totalmente distintos! O poliamor é uma forma de se relacionar com outras pessoas, e portanto não tem ligação com a orientação sexual.

Diferente da pansexualidade, que é exatamente isso. Em poucas palavras, pessoas que se reconhecem como pansexuais se sentem atraídas emocionalmente e/ou sexualmente por pessoas de qualquer identidade de gênero ou sexo. Ou seja, uma pessoa pansexual se atrai por alguém do sexo oposto, assim como pode se atrair por alguém do mesmo sexo, sentir atração por pessoas transexuais, transgêneros, cisgêneros e etc.

O que a ciência diz sobre o poliamor?

De acordo com Cláudio Paixão Anastácio de Paulo, doutor em psicologia social pela USP e professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), “ao longo da história na humanidade, as pessoas sempre tiveram sexualidade, atração sexual e a capacidade de criar vínculos por outras. O poliamor é o reconhecimento, a constatação, hoje, de uma realidade que sempre existiu”.

Não existem muitos estudos científicos a respeito do tema, mas é fato conhecido que a monogamia é rara entre os mamíferos. Somente 3% a 10% deles formam laços que duram a vida toda. E mesmo entre esses seres, estudos apontam que esses laços não são sinônimos de monogamia sexual.

“Não acho que sejamos um animal monogâmico”, disse a professora de sociologia da Universidade de Washington em Seattle, Pepper Schwarrtz, ao LiveScience. “Um animal realmente monogâmico é um ganso, que nunca mais se acasala, mesmo que seu parceiro esteja morto”.

Já os chimpanzés, que tem um mapa genético similar ao do ser humano, se acasalam livremente e apresentam um alto grau de competição entre os machos. Os testes feitos com DNA apontam que grande parte dos filhotes é concebida por machos de comunidades alheias. A discordância genética entre os pais sociais e genéticos chega a mais de 60% em alguns casos.

E nos humanos?

No caso dos seres humanos, a questão é que somos racionais. Ou seja, também somos influenciados pelos sentimentos, não somente pela reprodução. E isso também vale para os relacionamentos com mais de uma pessoa envolvida. De acordo com um estudo realizado em 2017, com 3.530 poliamoristas, mesmo em relacionamentos poliamorosos é possível que haja o parceiro principal da relação e o parceiro secundário.

Nessa mesma pesquisa, a maioria dos entrevistados afirmou que ficava mais tempo com o parceiro principal, com quem dividia a casa. Enquanto isso, os namoros à parte duravam cerca de dois anos, ou seja, menos do que os “principais”.

O estudo avaliou ainda que, mesmo que os parceiros principais da relação estejam satisfeitos entre si, eles procuram outros relacionamentos, o que derruba o argumento de que o poliamor só acontece quando o relacionamento ou namoro monogâmico não está dando certo.

Como saber se você é uma pessoa poliamorosa?

Um estudo de 2019 foi divulgado no portal norte-americano Insider, e posteriormente apresentado na Sociedade para o Estudo Científico da Sexualidade. De acordo com ele, 89% das pessoas ao menos considera um tipo de relacionamento não-monogâmico, mas isso não quer dizer que elas agem de acordo com o próprio desejo.

Rachel Wright, uma terapeuta sexual de Nova York que se identifica como homossexual e poliamorosa, acredita que as pessoas poliamorosas podem descobrir que preferem a não monogamia mais tarde em suas vidas. Isso porque os relacionamentos monogâmicos são mais normalizados.

Mas existem algumas formas de saber se você é ou não poliamoroso. Confira alguns sinais:

Já lhe foi dito que você tem problemas de compromisso

Pessoas que praticam o poliamor frequentemente demonstram comportamentos distintos quando estão em relacionamentos monogâmicos. Elas muitas vezes se sentem restringidas, de forma que a ideia de manter um relacionamento exclusivo pode parecer amedrontadora e sufocante.

Antes de reconhecerem sua identidade poliamorosa, é comum enfrentarem dificuldades em manter um compromisso sério, devido ao receio de perder a liberdade de se envolver com outras pessoas também. Esse receio pode ser interpretado por terceiros como “dificuldades com o compromisso”, inclusive pela própria pessoa que está tentando entender sua maneira de amar.

Você tem diversas paixões ou interesses românticos

Uma das maneiras de identificar se você é poliamoroso é observar se frequentemente se apaixona por mais de uma pessoa. Além disso, pode ser que desde jovem você tenha sentido atração por mais de uma pessoa ao mesmo tempo, o que muitas vezes gera dificuldades na escolha entre elas.

De acordo com especialistas, isso é um forte indicativo de que você pode ser poliamoroso. Muitas pessoas que experimentam esses sentimentos têm uma capacidade abundante de amar, o que faz com que seja natural sentir atração por várias pessoas simultaneamente.

Você se sente preso em relacionamentos monogâmicos

Outro sinal de que você pode ser uma pessoa totalmente poliamorosa é a incapacidade de ter um relacionamento monogâmico. De acordo com especialistas, existem várias pessoas com tendência a monogamia compulsória entre nós. “Frequentemente, parece que não há uma decisão a ser tomada porque não temos outras opções, então consideramos isso como ou é monogamia ou nenhum relacionamento”, acrescenta a terapeuta sexual Rachel Wright.

Como resultado, as pessoas não conseguem perceber que são poliamorosas. E por esse motivo insistem em uma dinâmina monogâmica, até porque esse tipo de relação é mais aceitável na sociedade. Segundo a especialista, pode ser até que essa pessoa desenvolva algum tipo de ressentimento em relação ao parceiro. É aí que a traição acaba se tornando algo comum aos olhos daquela pessoa.

Você se sente à vontade com a ideia de seu parceiro estar com outras pessoas

Se a ideia de seu parceiro namorar outra pessoa não parecer algo absurdo, um “rompimento do negócio”, ou não soar como uma traição, pode ser que você seja poliamoroso. Mas é preciso ficar atento. Isso não quer dizer que sentir ciúmes significa que você não seja adepto ao poliamor. Nada disso. O ciúme é uma coisa natural em qualquer relacionamento e normal na vida de qualquer pessoa.

Independentemente de você se identificar com esses sinais ou não, se acredita que está interessado em explorar relacionamentos mais abertos, mas não tem certeza de como começar, é importante considerar a possibilidade de conversar com um profissional especializado em terapia sexual. Entender seus próprios limites e determinar até onde deseja ir em um relacionamento é um bom ponto de partida.

Fontes: Pantys; UOL; Metrópoles; Brasil Escola; Significados; UOL; Gaucha ZH

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