Endometriose e vida sexual: uma combinação que, para muitas mulheres, pode ser desafiadora. A dor, o desconforto e até o medo de sentir dor durante o sexo são comuns em quem convive com a doença. E isso não afeta só o corpo, mas também a autoestima, o desejo e o relacionamento.
Mas é importante saber que não precisa ser assim para sempre. Com informação, apoio e algumas adaptações, é possível resgatar o prazer, o conforto e a conexão. A seguir, você vai entender por que a endometriose afeta a sexualidade e o que pode ser feito para melhorar a qualidade da vida íntima.
O que é a endometriose?
A endometriose é uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o interior do útero, cresce fora dele, em locais como ovários, trompas, bexiga e intestino.
Esse tecido fora do lugar continua agindo como o endométrio: engrossa, sangra e se inflama a cada ciclo menstrual. Como o sangue não consegue sair do corpo, isso causa dor, inflamação e, com o tempo, pode gerar aderências entre órgãos e até dificuldade para engravidar.
Como a endometriose afeta a vida sexual?
1. Dor durante a relação sexual
A dor profunda durante a penetração é um dos sintomas mais comuns. Isso ocorre porque os focos de endometriose podem estar localizados atrás do útero, nas paredes vaginais, nos ligamentos ou no reto; regiões que são estimuladas durante o sexo.
2. Medo e ansiedade antes do ato
Quando a dor se torna recorrente, muitas mulheres passam a associar o sexo a sofrimento, o que gera medo, tensão e até aversão à intimidade. Isso pode afetar o desejo sexual e a espontaneidade do casal.
3. Diminuição da libido
A dor crônica, o uso de hormônios e o impacto emocional da doença podem reduzir o interesse por sexo. Fatores como cansaço, baixa autoestima e alterações de humor também influenciam a libido.
4. Problemas no relacionamento
A dificuldade para manter uma vida sexual ativa pode gerar frustração, afastamento emocional e mal-entendidos entre o casal. A comunicação aberta e o apoio mútuo são fundamentais para lidar com esses desafios.
5. Baixa autoestima e imagem corporal negativa
A endometriose pode causar inchaços, ganho de peso por uso de medicamentos, alterações intestinais e infertilidade. Tudo isso impacta na forma como a mulher se vê e se sente em relação ao próprio corpo, refletindo na sexualidade.
6. Necessidade de adaptações na intimidade
Muitas mulheres precisam explorar novas posições sexuais, evitar certos momentos do ciclo menstrual ou adaptar o ritmo da relação para evitar dor. Embora isso exija ajustes, pode fortalecer a conexão e o autoconhecimento sexual.
8 dicas para melhorar a vida sexual da mulher com endometriose
1. Buscar tratamento médico adequado
Controlar os sintomas da endometriose, especialmente a dor, é o primeiro passo. Com acompanhamento de um ginecologista, é possível encontrar o melhor tratamento, seja ele hormonal, cirúrgico ou clínico. Isso pode reduzir o desconforto durante o sexo.
2. Explorar novas posições sexuais
Algumas posições causam menos dor porque evitam a penetração profunda ou oferecem mais controle à mulher. Testar diferentes posições, com comunicação aberta entre o casal, pode ajudar a encontrar formas mais confortáveis de manter a intimidade.
3. Investir nas preliminares e no toque sem penetração
Sexo não precisa envolver penetração para ser prazeroso. Massagens, beijos, carícias, masturbação e uso de brinquedos sexuais podem ajudar a manter a conexão íntima e o prazer, sem dor.
4. Usar lubrificantes e relaxantes íntimos
O uso de lubrificantes à base de água pode reduzir o atrito e o desconforto. Há também produtos específicos que ajudam no relaxamento da musculatura vaginal, facilitando o sexo sem dor.
5. Fazer fisioterapia pélvica
A fisioterapia do assoalho pélvico ajuda a reduzir tensões musculares que contribuem para a dor na relação. Muitas mulheres com endometriose têm a musculatura pélvica contraída como resposta à dor crônica, e essa terapia ajuda a reeducar o corpo.
6. Apoio psicológico ou terapia sexual
A dor durante o sexo pode afetar a autoestima, o desejo e o relacionamento. A terapia pode ajudar a lidar com sentimentos de frustração, medo, culpa e ansiedade, além de orientar o casal na reconstrução da vida sexual de forma mais saudável.
7. Manter uma comunicação aberta
Falar abertamente sobre a dor, os limites e os desejos ajuda o parceiro a entender o que está acontecendo. O diálogo afetuoso fortalece a cumplicidade e permite encontrar soluções juntos, sem pressões ou cobranças.
8. Respeitar o próprio tempo e corpo
Não se forçar a ter relações por culpa ou obrigação é essencial. Aprender a reconhecer os sinais do corpo e priorizar o bem-estar ajuda a criar uma relação mais positiva com a sexualidade.
Fontes: Dr. André Vinicius; Patrick Bellelis; Saude; Dr. Bruno; Cuidados pela Vida; Endo Pelvic; UOL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Endometriose. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude. Acesso em: 30 abr. 2025.
ABRÃO, Mauricio Simões et al. Endometriose: Aspectos clínicos e terapêuticos. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo, v. 41, n. 9, p. 569–579, 2019.
PETTA, Carlos A.; ZANATTA, Andrea; LIMA, Guilherme. Impact of endometriosis on sexual function and quality of life. Reproductive Biology and Endocrinology, v. 16, n. 5, 2018.