É necessário estar disponível para que qualquer relacionamento funcione. Essa é uma exigência natural em todos os contextos. Por isso, é importante estar minimamente disposto a dedicar um pouco do próprio tempo a outra pessoa. No entanto, com o advento das redes sociais, tornou-se comum ficar esperando por algo, enquanto a outra parte apenas enrola. Isso tem um nome: benching.
Muitas pessoas abusam da paciência e do desejo do outro, fazendo-o esperar mais do que deveria por algo que nunca acontece. É parecido com o ghosting, mas tem suas particularidades. Confira mais detalhes a seguir.
O que é benching?
Com a popularidade dos aplicativos de namoro, não é raro que uma pessoa acabe lidando com várias relações se desenvolvendo em paralelo. No entanto, à medida que essas conexões vão se aprofundando, cada envolvido passa a exigir mais atenção. Como não é possível dar a mesma intensidade a todos, surge a necessidade de priorizar.
É nesse contexto que aparece o termo benching, usado para descrever o ato de ‘diminuir o ritmo’ de uma relação em benefício de outra que parece ser mais promissora ou interessante. É como colocar a pessoa no banco de reservas, deixando-a esperando por atenção, sem saber quando ou se isso irá acontecer. Não se avança na relação, mas também não se encerra.
Como o benching acontece?
Normalmente, as pessoas se conhecem, mas a relação não evolui. É comum haver um ou dois encontros, e então um dos lados simplesmente desaparece, deixando de responder às mensagens, para reaparecer semanas depois. A comunicação se torna intermitente, com convites para jantares e passeios que, de última hora, nunca se concretizam.
Esse tipo de comportamento pode durar meses. Quem está na expectativa acredita que é apenas uma questão de timing e que, em breve, tudo dará certo. O benching ocorre quando uma pessoa mantém contato regular com outra por meio de redes sociais, mas com a intenção de usá-la apenas como uma segunda opção.
Quem utiliza essa estratégia não tem intenção de se encontrar pessoalmente, pois o objetivo é apenas manter a outra pessoa à disposição de alguma forma. Imagine uma jovem que, após terminar um namoro, decide manter contato com o ex, acreditando que isso pode ajudar a reatar o relacionamento no futuro.
O termo benching vem do inglês, da expressão ‘to bench’, que significa deixar alguém em segundo plano, semelhante à famosa expressão ‘deixar de molho’.
Normalmente, o bencher (quem pratica benching) é atencioso, presta atenção aos detalhes, pergunta como a pessoa está, como foi o seu dia, entre outros gestos que parecem indicar um interesse genuíno. Isso cria um vínculo e desperta esperança!
O que fazer para se prevenir ou se livrar do benching?
O psicólogo clínico Pedro Martins explica que dizer “não” é uma das formas de lidar com a situação ou pelo menos não precisar lidar com ela. Além disso, ainda reflete maturidade emocional. “As pessoas não são capazes de dizer que não”.
Para alguns pode inclusive ser uma experiência devastadora, especialmente se estiverem vivendo um momento frágil. Mas, “se a pessoa estiver emocionalmente equilibrada, a certa altura vai conseguir encontrar uma resposta para a situação, nem que seja pensar que a outra pessoa enlouqueceu. Caso contrário fica arrasada e pode inclusive culpabilizar-se e ficar enterrada numa quantidade de porquês, sem conseguir sair da situação”.
É preciso ter pulso firme para dar um basta! “O pôr um fim existencial à relação faz com que se possa iniciar o processo de luto daquela relação. A pessoa pode, a partir daquele momento, pôr um fim a uma coisa e continuar sua vida”.
Qual é a diferença entre benching e o ghosting?
Existe uma diferença clara entre benching e ghosting. No ghosting, a pessoa desaparece completamente da vida da outra, sem aviso, sem retornar para ver se perdeu algo. Já o benching, segundo a revista norte-americana BetaMale, é considerado ainda mais traiçoeiro do que simplesmente dizer que não está interessado e encerrar a relação.
No caso do ghosting, a vítima, mesmo sem uma explicação plausível, pode eventualmente lidar com o término e seguir em frente. Já a vítima de benching permanece confusa, sem saber qual é a situação real, pois a pessoa continua indo e voltando, mantendo-a em uma espécie de limbo emocional.
Jason Chen, editor da BetaMale, aponta que essa prática é mais comum entre homens. Por outro lado, as mulheres tendem a participar desses ‘jogos’ com homens que conhecem há mais tempo e com quem têm mais confiança, mas evitam agir assim com pessoas que acabaram de conhecer. Afinal, muitas ainda esperam que os homens tomem a iniciativa.
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Fontes: CNN Brasil; Metrópoles; Conceitos; Observador; FMB