Em sua obra homônima, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman criou o conceito de amor líquido. Ele utilizou esse termo para descrever o tipo de relações interpessoais que se desenvolveram na pós-modernidade. Para ele e muitos outros estudiosos, a sociedade está cada vez mais imersa nesse tipo de amor, o que é um tanto preocupante.
Segundo Bauman, as relações estão se tornando cada vez mais superficiais, efêmeras e com menos comprometimento. Diante disso, optamos por fornecer mais detalhes sobre o assunto. Acompanhe conosco a seguir.
O que é amor líquido?
Existe uma correlação entre a velocidade das mudanças e a estabilidade dos relacionamentos. No amor líquido, como descreve o sociólogo, já não há mais o hábito de consertar as coisas que se deterioram. Isso ocorre devido à necessidade de acompanhar o ritmo acelerado dos eventos que tem se intensificado ao longo dos anos.
Na sociedade atual, é comum substituir facilmente as coisas “antigas”, dando lugar ao que é novo. Assim, estamos constantemente trocando tudo por coisas diferentes. O que importa não é exatamente um objeto, produto ou pessoa em si, mas sim o poder de escolher, adquirir, comprar e possuir.
O que é novo e atual sempre será mais valorizado, de acordo com essa lógica. Dessa forma, o mais importante não é apenas “ter”, mas estar atualizado. O amor líquido representa como nossas relações não conseguem acompanhar a rapidez com que o mundo evoluiu.
Assim, é o tipo de amor que pode ser trocado a qualquer momento. Ou seja, não há compromisso e a relação é frágil. Os parceiros são substituídos constantemente, sempre em busca de algo “melhor”. Portanto, o amor líquido é como água escorrendo entre os dedos. Ele não assume forma, se dispersa e não tem firmeza.
Quais são os pontos negativos do amor líquido?
Como mencionado, o amor líquido é aquele amor descartável. Inclusive, o surgimento das redes sociais contribuiu para isso. Acontece porque as pessoas estão constantemente expostas a imagens de outras pessoas que parecem ser perfeitas. O que pode levar à insatisfação com seus próprios relacionamentos.
E existem vários aspectos negativos nisso! O amor líquido pode levar à solidão, depressão e outros problemas psicológicos sérios. Isso porque os relacionamentos, quando descartáveis, não proporcionam às pessoas a sensação de segurança e conexão essenciais para a saúde mental.
Assim, torna o indivíduo uma pessoa vazia. Acabamos criando um vácuo dentro de nós que nunca será preenchido. Quando nos relacionamos com base em aparências, deixamos de lado o amor e o afeto. E, por esse motivo, estaremos sempre trocando de relacionamentos e nunca encontraremos a felicidade plena.
Como lidar com um mundo de amor líquido?
A melhor maneira de lidar com o amor líquido é cultivar o amor. Isso pode ser feito por meio de pequenas atitudes no dia a dia, como prestar atenção ao outro, ser sincero sobre tudo e estar presente em diferentes fases do relacionamento.
Diante disso, pequenos gestos podem transformar os relacionamentos. Devemos mostrar o quanto amamos a pessoa com quem nos relacionamos e o quanto ela significa em nossa vida, trazendo felicidade. E lembre-se, não são as curtidas em fotos de casal nas redes sociais que determinam a durabilidade do relacionamento.
Na verdade, é o quanto estamos dispostos a investir de verdade! Por isso, ligue sempre que sentir vontade, faça surpresas em datas especiais, escreva bilhetes à mão. Faça a diferença para não cair nesse tipo de relacionamento superficial. Seja criativo e esteja sempre presente, ouvindo, conversando e sendo sincero.
Qual é a origem deste conceito?
O conceito foi criado pelo sociólogo Zygmunt Bauman. Ele apontou que o amor líquido se assemelha às relações de consumo. Assim, como as pessoas trocam de produtos no decorrer da vida, quando estão insatisfeitas com o mesmo, elas também trocam de parcerias quando não estão felizes com os relacionamentos.
A ideia de Bauman é: o amor, nossos relacionamentos, tornam-se cada vez mais descartáveis conforme a vida exige mais praticidade. Assim, Bauman indica que ao mesmo tempo em que queremos nos relacionar, não queremos. É como se quiséssemos sempre estar em um relacionamento e ao mesmo tempo não estar.
Ou seja, as pessoas gostam do romance, mas não querem a cobrança. Querem estar com alguém do lado, mas isentar da responsabilidade que uma relação implica. Desse modo, a ideia do sociólogo sobre o amor líquido não está errada! Na verdade, ela traz uma reflexão de uma tendência cada vez mais forte e comum de relacionamentos.
- Leia também: Tipos de amor: quais são e quais as características?
Fontes: Psicanálise Clínica; Psicólogos Berrini; Embeta; Vida Simples