O relacionamento aberto ganhou muita força nos últimos anos! Trata-se de uma relação na qual existe um acordo entre as duas partes que permite que cada indivíduo possa se relacionar com terceiros. Muito se fala sobre essa assunto, e várias pessoas têm um pé atrás por falta de conhecimento.
Casais liberais costumam levar o relacionamento aberto numa boa, desde que algumas regras sejam respeitadas. Assim como os demais relacionamentos, respeito e proteção devem estar acima de tudo. Para que possam compreender um pouco melhor, decidimos trazer mais detalhes sobre esse tipo de relação.
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O que é o relacionamento aberto?
É difícil falar sobre o assunto e definir, de fato, o que é ou não relacionamento aberto. Mas, de acordo com a psicóloga Silvana Bernardo, o relacionamento aberto é “um acordo mútuo de liberdade que o casal possui para se envolver fisicamente com outras pessoas”.
O tema abordado confunde muitas pessoas, que o veem de forma superficial. A terapeuta Ana Vitória Lascala, que faz parte do projeto Café com a Comadre, afirmou que o “relacionamento aberto é aquele em que você não tem exclusividade do ponto de vista sexual e não afetivo”.
Ela ressaltou ainda que, mesmo compreendendo isso, o tema continua apresentando complexidade. “Você não pode descartar a possibilidade de que, no meio do relacionamento aberto, seu parceiro se interesse afetivamente por outra pessoa porque você cria intimidade. É importante entender que sexo é intimidade, e ponto”, disse.
Um dos maiores problemas que esse tipo de relacionamento enfrenta é a incompreensão. Os casais que optam por ele precisam saber lidar não somente com suas próprias expectativas e com as do parceiro, mas também com a das pessoas chamadas “satélites”, que são as terceiras.
“Pressupõe-se que a relação com elas será puramente física. Mas como garantir que essa terceira pessoa vai ter esse equilíbrio? Ela pode começar a entender que tem um lugar nesse relacionamento, começando a interferir direta ou indiretamente”, comentou.
Não é que os relacionamentos abertos sejam impossíveis de dar certo, mas requer alguns cuidados, como uma boa autoestima. É preciso ter segurança de si para não enxergar ameaças onde não existem.
O que não é um relacionamento aberto?
Por envolver vários parceiros sexuais, o que ainda é considerado um tabu, muitas pessoas enxergam o relacionamento aberto como “bagunça” ou algo sem respeito. Mas é o oposto disso. “Em um relacionamento aberto há compromissos relativos que são pré-estabelecidos pelo casal, lembrando sempre que o envolvimento com terceiros é algo que ocorre fisicamente falando. Ou seja, os dois devem concordar com isso e se envolver com outras pessoas deve respeitar a rotina daquele casal”, disse Silvana Bernardo.
Então, é de extrema importância compreender que esse tipo de relacionamento também precisa ter regras. Para dar certo, ambos precisam se questionar sobre o desapego. É pensar: “Eu consigo separar sexo de afetividade?”. Além disso, o parceiro precisa, assim como as pessoas com quem vocês vão se envolver, ter a capacidade de fazer a separação.
É comum sentir ciúmes! De acordo com depoimentos de quem vive em uma relação aberta, acima do ciúme deve existir uma boa comunicação e confiança.
Como fazer um relacionamento aberto dar certo?
1. O casal precisa estar de acordo
Parece óbvio, né? Mas é preciso ressaltar que os dois precisam estar de acordo. Em muitos relacionamentos, as pessoas podem aceitar coisas que não querem no fundo, apenas para agradar ou reconquistar o outro. “Abrir mão do que você quer para entender o desejo do outro é a receita para o desastre. Em nenhuma instância do relacionamento esse tipo de pensamento funciona”, ressalta Ana.
Então, fica claro que o primeiro passo é conversar e chegar a um acordo. Expor os sentimentos e as expectativas é essencial. Se for um desejo de ambos, aí sim é hora de dar um passo em direção ao relacionamento aberto.
2. Honestidade sempre
Segundo as pessoas que estão em um relacionamento aberto, a honestidade precisa estar presente em tudo. Falar sobre ciúmes e atração em relacionamento fechado pode ser mau visto. Isso é motivo de brigas. Mas, no tipo de relacionamento que estamos abordando, é essencial expor tudo para lidar com os problemas que surgirem.
“Há quem diga: ‘eu quero estar em um relacionamento aberto, mas não quero saber de nada’. Essa pessoa não está pronta para um relacionamento aberto”, ressalta Ana. A parceria precisa sentir que você está confortável de viver assim, o mesmo vale para os dois lados.
3. Sexo, só se for com proteção
Esse talvez seja o item mais importante dessa lista! Não é porque o relacionamento é aberto que ele deve ser exposto a ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). A gravidez indesejada também é um grande problema que os casais não vão querer lidar. A proteção com preservativo é essencial para manter a integridade do casal e também de quem está entrando, mesmo que de forma passageira.
4. O casal precisa definir as outras pessoas envolvidas
Essa é uma regra um tanto burocrática, mas importante. Ainda que o casal decida que não haverá qualquer restrição do tipo, recomenda-se conversar bastante sobre o assunto. De acordo com Silvana, mesmo com a decisão de saber com que m o outro vai sair, o parceiro precisa estar confortável quanto a isso.
Uma coisa comum é ter como regra não sair com pessoas do convívio social dos dois. Não somente porque ali já existe uma certa afinidade, mas porque isso, em algum momento, pode vir a ser constrangedor.
5. Jogo limpo com todos
Como foi dito anteriormente, é impossível garantir que as pessoas “satélites” saibam separar o sexo de afetividade. Todo mundo está exposto aos sentimentos a mais. No entanto, o mínimo que o casal pode fazer é deixar sempre claro que não estão em busca se romance. Assim, é possível cortar as expectativas do outro.
6. Comece aos poucos
Uma das principais recomendações, na hora de abrir o relacionamento, é começar aos poucos para se adaptar. Vá por etapas, descobrindo e conhecendo melhor os limites de cada um. É importante estar confortável com uma etapa antes de finalmente dar o próximo passo.
O começo é sempre uma descoberta. Mesmo conhecendo na teoria, a prática pode mexer com os nervos. Então, note se há ciúmes ou incômodo; veja se a relação aberta está sendo positiva para o casal. Se um indivíduo estiver se sentindo mal, o importante é conversar e chegar a um acordo.
7. Decidam o lugar
É extremamente importante definir quais serão os pontos livres para se relacionar com uma pessoa de fora. Alguns casais permitem que o outro se relacione com terceiros somente se estiverem juntos. Por outro lado, há quem prefere nem saber onde e o que aconteceu.
Isso vai de cada casal. Mas as regras precisam estar claras e as duas partes confortáveis com aquilo que foi proposto. Caso contrário, problemas emocionais podem ser uma realidade no futuro.
Quem pode fazer parte de um relacionamento aberto?
Pode fazer parte qualquer pessoa que esteja realmente disposta a reinterpretar os sentidos do amor. É preciso, antes tudo, ter a convicção da escolha, deixando de lado as opiniões alheias. A sociedade de forma geral não está preparada para casais que vivam sob essas condições.
Sendo assim, não espere pela aprovação e entendimento de todos ao seu redor. Lembre-se de que essa decisão só cabe a você e a sua parceria. Se os dois estiverem felizes e dispostos, basta! A opção de começar um relacionamento aberto pode ser uma ótima ideia para jovens casais e também quem já vive junto há um bom tempo.
A liberdade sexual é capaz de trazer de volta a chama da paixão. Mas isso não é uma recomendação absoluta. Como foi dito, o casal precisa estar 100% de acordo. A única ressalva é: não se iluda achando que esse é o único caminho para salvar a relação.
Relacionamento aberto é para todo mundo?
Para os profissionais, não! De acordo com Simone Gonçalves, psicóloga da Psicologia Viva, “parceiros que tenham uma carga negativa de ciúmes, inveja, insegurança e suspeitas de traição não se dariam bem ao modelo. Nem pessoas com baixa autoestima, pois pode gerar uma cobrança por atenção”.
Em casos assim, é importante se submeter a uma terapia de casal. Esse é um processo onde ambos trabalham ao lado de um terapeuta para resolver as questões de relacionamento, melhorando assim a dinâmica da relação.
O principal objetivo é ajudar os parceiros a encontrar uma forma correta de se comunicar, sendo mais afetivos, além de superarem juntos todos os tipos de desentendimentos. Isso pode fortalecer o vínculo geral. Independente do tipo de relação, é importante que os dois estejam dispostos a se comunicar, sejam honestos um com o outro para viver feliz.
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Fontes: Dicas de Mulher; UOL; Psicologia VIVA; Psicologia sem Fronteiras