O Vício em pornografia existe e é semelhante ao vício por sexo. Trata-se da necessidade de consumir conteúdos pornográficos, deixando o consumo atrapalhar sua vida diária. Uma pessoa viciada tende a se dedicar menos aos relacionamentos afetivos, por exemplo. Alguns especialistas consideram essa condição como um transtorno sexual.
Esse termo abrange ainda comportamentos como a masturbação excessiva, visto que ela acompanha o consumo dos conteúdos. Pesquisas científicas afirmam que esse vício ativa algumas regiões do cérebro, todas elas ligadas à motivação. Mas e aí, até onde a pornografia pode ir sem afetar seus relacionamentos? Vem com a gente para saber.
O que é considerado vício em pornografia?
Como falamos antes, o vício em pornografia é quando a pessoa dedica tempo demais ao consumo de conteúdos pornográficos. O fácil acesso à internet faz aumentar o número de pessoas nessas condições.
De acordo com o psicólogo e terapeuta comportamental Fábio Caló, “A trajetória nesses casos se assemelha à de pessoas que se tornam dependentes de substâncias químicas. A princípio é algo prazeroso. Mas passa a ser buscado cada vez mais, até um ponto que prejudica as atividades diárias e relacionamentos pessoais.”
Esse vício pode, ainda, vir acompanhado da dependência física e sintomas de abstinência. Em outras palavras, as crises de abstinência são vistas como àquelas sentidas por dependentes químicos. Alguns viciados em pornografia já relataram os principais sintomas.
De acordo com eles, são: compulsão sexual, falta de interesse pela parceira (o), disfunção erétil, ejaculação retardada ou precoce. No entanto, pode haver ainda prejuízos físicos causados pelo excesso de masturbação. Dor, desconforto e lesões são os mais comuns.
Como ele pode te afetar?
Assim como todos os vícios, o excesso de pornografia satisfaz um desejo imediato. Assim, a pessoa encontra o prazer no orgasmo, entretanto, quando isso acontece com uma frequência muito exagerada, pode trazer danos à saúde. De acordo com a psiquiatra Sônia Palma, esse vício afeta diretamente o desempenho nas relações sexuais.
O tempo gasto consumindo pornografia pode acarretar um distanciamento da realidade. Portanto, a pessoa acaba deixando de lado compromissos diários, gerando um isolamento social. Isso pode ainda agravar um quadro depressivo.
O que era pra ser uma atividade prazerosa chega a um ponto de atrapalhar todo o convívio social. Ainda de acordo com a psiquiatra, esse vício é semelhante à satiríase. Nos homens, é o desejo compulsivo por sexo. Mas a satiríase ainda é mais problemática. Os homens com esse transtorno costumam ter mais doenças sexualmente transmissíveis. No ápice da excitação, muitas vezes esquecem o preservativo.
Quais são as causas do vício em pornografia?
O vício em pornografia é sério e pode ser causado por diversos motivos. Desde a pandemia de Covid-19 em 2020, esse assunto tem ganhado mais espaço. Portanto, diversos especialistas listaram as principais causas, que incluem:
1. Pornografia está se tornando menos tabu
A pornografia ainda é um tabu, mas não como antes. Está cada vez mais fácil e comum falar sobre isso. Além disso, crianças cada vez mais novas estão entrando no mundo dos consumidores de conteúdos adultos. Isso desencadeia um vício que só se agrava.
2. A internet ajuda muito
De acordo com os especialistas, o contato das crianças com o celular é um problema. Com a facilidade de acesso aos sites adultos, cada vez mais viciados em vídeos pornôs surgem. Existem milhões de sites que podem ser acessados facilmente. Sendo assim, esse é um dos maiores problemas.
3. A excitação é viciante porque faz o cérebro se sentir bem
De acordo com psiquiatras, a excitação e o orgasmo acionam um sistema de recompensa para o cérebro. Ou seja, a nossa mente sente-se bem quando chega ao orgasmo. Logo, quanto mais orgasmos no dia, mais satisfeito o nosso cérebro ficará e assim as pessoas amentarão o consumo.
4. Acesso ilimitado às informações sobre sexo
Consumir pornografia, para muitos, é como ver vídeos educativos. Muitos começam procurando por novos meios de fazer sexo, mas acabam entrando em uma rotina problemática. A ideia de que tudo aquilo é apenas educativo acarreta no vício em si.
5. Problemas de intimidade
Os problemas de intimidade estão entre as principais causas. Quando a pessoa não consegue se abrir ou se relacionar com outras, acaba viciando na forma de buscar prazer sozinha.
Sintomas do vício em pornografia
Os sintomas mais comuns do vício são:
- Negligenciar a higiene pessoal;
- Perder o interesse em atividades e responsabilidades diárias, como o trabalho, por exemplo;
- Passar muito tempo no computador ou assistindo TV;
- Esconder o vício de amigos e familiares;
- Ver pornografia todos os dias. No entanto, dedicando cada vez mais tempo para ela;
- Negligenciar outros aspectos da vida;
- Usar a pornografia como fuga de problemas emocionais ou estresse;
- Passar mais tempo vendo pornografia do que passeando com o filho ou esposa, por exemplo.
Como se dá o diagnóstico e tratamento dessa condição?
Ainda não existe um diagnóstico específico para o vício. No entanto, o de compulsão sexual ou vício por sexo muitas vezes é utilizado. Especialmente quando existe a necessidade de masturbação e outros atos sexuais. Quando a pessoa se mantém mais no mundo imaginário, já que ela não precisa de grandes esforços para alcançar o prazer.
Desse modo, o vício em pornografia geralmente acomete pessoas menos extrovertidas. O tratamento para o problema é parecido com outras dependências. Os profissionais atuam bastante no comportamento compulsivo-dependente.
Existem medicações que diminuem a intensidade do prazer que a pornografia dá. O que reduz a vontade na sua busca. Além disso, medicações que controlam a ansiedade ou fissura, indicados apenas por profissionais.
A principal recomendação é que, assim como em outros vícios, o tratamento deve ser levado a sério. Então precisa ter começo, meio e fim ao lado de um profissional.
Fontes: Inpa Online; Inpa Online; Ito Psiquiatria; Sex Estima; Melhor com Saúde
Referências bibliográficas:
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Velasco, A. & Gil, V. (2017). La adicción a la pornografía: causas y consecuencias. Drugs and Addictive Behavior, Vol. 2, (1), 122-130. doi:https://doi.org/10.21501/24631779.2265