Você provavelmente é “apegado” a algo ou alguém, né? Bom, o nosso estilo de apego, ou seja, a forma como nos apegamos à determinada coisa afeta a nossa vida! Desde a escolha do cônjuge até os demais relacionamentos pessoais. Sim, existem alguns tipos de apegos que talvez você não conheça.
Quando reconhecemos o nosso tipo, podemos compreender os nossos pontos fortes e fracos nos relacionamentos. Isso é estabelecido desde muito cedo com os nossos pais ou cuidadores e continua nos acompanhando até a vida adulta. Continue aí com a gente para entender mais sobre o assunto e descobrir o seu tipo.
Quais são os 4 tipos de apego?
O apego é um relacionamento emocional especial que envolve a troca de conforto, prazer e cuidado. De acordo com os estudos, apego tem sua origem ainda nas teorias sobre o amor de Freud. No entanto, John Bowlby é considerado o pai da teoria do apego.
O autor concentrou sua pesquisa no apego, definindo isso como “conexão duradoura entre os seres humanos”. Bowlby compartilhou uma visão psicanalista de que as experiências da primeira parte da infância são extremamente importantes para o desenvolvimento da pessoa e como ela se comportará ao longo da vida.
O pensador ainda acreditava que o apego tinha um componente evolutivo. “A propensão para fazer fortes vínculos emocionais com indivíduos específicos é um componente da natureza humana”. Por exemplo, podemos encontrar o apego na relação mãe e filho.
O começo do estudo: apego infantil
O estudo inicial consistia em observar como as crianças entre 12 e 18 meses reagiam ao ficar sozinhas e quando se encontravam com suas mães. O estudo tinha 5 sequências para examinar:
- Mãe e filho sozinhos no quarto;
- A criança explora o quarto enquanto é supervisionada pela mãe;
- Um homem estranho entra no quarto, conversa com a mãe e logo se aproxima da criança;
- A mãe sai doo quarto sem falar nada;
- A mãe volta e conforta a criança.
Observando isso, Ainsworth pode concluir que havia três tipos de apego: apego seguro, ambivalente-inseguro e evitativo-inseguro. Mas, um pouco depois, os pesquisadores Main e Solomon adicionaram um quarto tipo de apego, o desorganizado-inseguro.
Diversos estudos apoiam a descoberta de Ainsworth e pesquisas que vieram depois têm revelado que os primeiros estilos de apego acabam influenciando no comportamento das pessoas quando adultas.
Apego seguro
Ainda na infância, as principais características desse tipo de apego são:
- Capacidade de se separar dos pais, ou seja, podem ser cuidados por outras pessoas e acetar seu conforto até determinado ponto. Mas eles preferem os pais a estranhos.
- Buscar o conforto dos pais quando está assustado.
- Ficar visivelmente chateado quando os pais saem e ficar feliz quando eles retornam, depois de um tempo sem vê-los. Esse contato iniciado por um pai é facilmente aceito pelas crianças com um apego seguro e, portanto, saúdam o seu retorno de forma feliz.
Pais de crianças com apego seguro costumam brincar mais com seus filhos. Eles ainda reagem mais rapidamente às necessidades das crianças e são mais receptivos aos próprios filhos que os pais de crianças inseguras. De acordo com os estudos, as crianças com apego seguro são mais empáticas nas fases após a infância.
Também são menos perturbadoras, agressivas e mais maduras do que as demais crianças. Formar esse vínculo seguro com os pais é uma coisa totalmente normal e esperada. No entanto, nem sempre é a realidade. Estudiosos encontraram uma série de fatores que contribuem para o desenvolvimento de um apego seguro. Um deles é a resposta de uma mãe às necessidades do se bebê logo no primeiro ano de vida.
Mães que respondem de forma inconsciente ou interferem nas atividades, tendem a criar bebês que exploram menos. Além disso, eles costumam chorar mais e são mais ansiosos. Mães que rejeitam ou ignoram as necessidades dos filhos tendem a educar crianças que tentam evitar contatos.
Quando adultos, as características do apego seguro são:
- Costumam ter bons relacionamentos com outras pessoas, além de duradouros e confiáveis;
- Tem boa autoestima;
- Desfrutam mais de relacionamentos íntimos;
- Busca por apoio social;
- Sentem-se bem quando compartilham os sentimentos com amigos e cônjuges.
Apego evitante ou evitativo
De acordo com os autores de estudos, as características do apego evitativo na infância são:
- Evitar os pais. Isso torna-se especialmente perceptível depois de um tempo de ausência deles;
- A atenção dos pais pode não ser recusada, mas não se busca contato ou consolo neles;
- Mostra pouca ou nenhuma preferência pelos pais à estranhos.
Quando adultos, isso tende a interferir de forma direta na vida pessoa. As características são:
- Problemas de intimidade;
- Dificuldades para expressar emoção em relacionamentos românticos ou sociais, além de pouca angústia quando terminam;
- Incapacidade para compartilhar pensamentos e sentimentos com os outros.
Uma pessoa adulta com esse tipo de apego costuma evitar a intimidade com desculpas ou fantasiar com outras pessoas durante o sexo. As pessoas com esse tipo de apego são mais propensas a terem relações sexuais ocasionais.
Apego ambivalente
Na infância, esse tipo de apego é caracterizado por:
- Desconfiança extrema;
- Estresse quando está longe dos pais;
- Quando os pais retornam, não se consolam com isso. Em muitos casos, o contato com os pais é rejeitado ou a violência é usada para afastá-los.
O apego ambivalente não é muito comum. Esse tipo tem sido associado com a baixa disponibilidade materna. Conforme as crianças crescem, os educadores os descrevem como indivíduos inseguros e excessivamente dependentes.
Quando adultos, as características do apego ambivalente são:
- Relutância em se aproximar dos outros;
- Desconfiança sobre o cônjuge; questionamento constante se é amado como deveria. Isso leva a rompimentos frequentes porque o relacionamento esfria;
- Angustia quando o relacionamento termina.
Alguns estudiosos falam de outro padrão patológico onde os adultos com apego ambivalente se apegam muito às crianças como uma fonte de segurança.
Apego desorganizado
O apego desorganizado tem como característica na infância:
- Mistura de comportamentos que evitam e resistem os pais. Isso demonstra a falta de comportamento de um apego;
- Parecer aturdido ou confuso quando os pais estão por perto;
- Assumir papel parental, agindo como cuidadores dos pais.
Quando adultos, o apego desorganizado é caracterizado por:
- Dificuldades para ver os outros sem distorções significativas;
- Disfunção significativa em sua capacidade de formar relacionamentos e afetos emocionalmente significativos;
- Os relacionamentos costumam ser voláteis;
- Muitas pessoas com transtorno de personalidade têm um estilo de apego desorganizado.
Qual é a origem da teoria do apego?
A teoria do apego, como foi dito antes, nasceu do psicanalista John Bowlby. Ele trabalhou com o desenvolvimento infantil, criando assim o estudo sobre o apego e seus conceitos. John foi fortemente influenciado por Winnicott, psicanalista infantil e um importante pediatra na história da Psicologia.
A teoria em questão foi desenvolvida entre as décadas de 50 e 60. Nesse mesmo período, Bowlby teve contato com crianças órfãs da Segunda Guerra Mundial. A partir daí, ele pôde estudar como o relacionamento das crianças com seus pais evolui. Ele ainda refletiu o quanto essa relação tinha importância par o desenvolvimento do indivíduo.
A teoria do apego fala abertamente sobre a segurança dos vínculos e como são baseadas nas interações quando bebê. Ademais, estuda como as relações podem impactar no desenvolvimento dessas crianças até chegar a fase adulta. Essa teoria ainda afirma que as pessoas procuram por relações de uma maneira instintiva, assim como os bebês para sobreviver.
– E o que ela diz?
A teoria do apego estuda como os vínculos pais-bebê ocorrem e suas implicações na vida adulta, bem como o modo de se relacionar. Segundo a teoria, logo nos primeiros anos de vida, a criança já tem o objetivo de satisfazer necessidades básicas. Ela faz isso na relação com uma figura de apego.
A figura de apego é aquela que supre as necessidades fisiológicas e psicológicas dessa criança. De modo geral, a mãe biológica é que tem esse papel. No entanto, pode ser tomado por qualquer adulto que tenha como função cuidar da vida do bebê.
Os estudos apontam que a privação do contato com a figura de apego da criança ainda durante a infância acaba trazendo problemas (geralmente, psicológicos) quando adultos. Houve uma época que essa teoria foi comparada ao behaviorismo (psicologia do comportamento). Mas Bowlby afirmava que as duas eram teorias bem distintas.
O psicanalista via isso ocorrendo, pois havia uma confusão em não diferenciar o apego e o comportamento de apego. Com isso, é essencial pontuar que a principal diferença é apontada pela intensidade.
O comportamento de apego como choro e sorriso, por exemplo, é dirigido a diversas pessoas. Enquanto isso, o apego é um vínculo criado e estabelecido por muito tempo.
Como se forma o apego?
Segundo o psicanalista “pai” da teoria, o apego seria um fenômeno que surgiu em um contexto evolutivo, tendo em vista que o cuidador é que proporciona o cuidado que a criança necessita. Então, o apego seria uma característica que melhora de forma significativa a chance de sobrevivência da criança.
Logo, quando o individuo no inicio da vida está com medo ou com alguma emoção negativa, ele tende a ir atrás do seu cuidador primário para encontrar a segurança. O apego vai sendo desenvolvido ao longo dos primeiros meses de vida de acordo com a responsabilidade do cuidador.
Em outras palavras, o bebê não desenvolve necessariamente o apego a quem passa mais tempo com ele, mas sim quem apresenta uma melhor capacidade de responder às suas necessidades.
Agora que você já conhece os tipos de apego, proveite para ler também: Ghosting: o que é e quais são suas consequências?
Fontes: Instituto Psiquiatria PR; Eurekka; Psicologia Online; Vittude; A Mente é Maravilhosa