parafilia

Parafilia: o que é, como diagnosticar e quais são os riscos?

Existem diversos distúrbios psiquiátricos relacionados ao sexo e à sexualidade que passam despercebidos pelas pessoas! A parafilia é um desses distúrbios da vontade; quem sofre tem despertada uma curiosidade por coisas nada comuns. É necessário tratar isso com muito cuidado e seriedade.

Para lidar com a parafilia, o profissional precisa estar muito bem familiarizado com essa condição e saber manejar da melhor forma possível. Diante desse tema, aprofundamo-nos um pouco mais para trazer uma explicação mais detalhada. Confira a seguir.

O que é parafilia?

Nós, enquanto seres humanos, estabelecemos padrões de sexualidade considerados “normais” e “naturais” ao longo do tempo. São padrões que variam de acordo com a cultura e comportamentos dos grupos sociais, mas que mantêm um senso de “normalidade”. Por outro lado, a parafilia trata de desejos atípicos.

Para entender o significado da palavra, basta quebrá-la ao meio: “para”, que é algo como fora ou paralelo e “filia”, que é predileção. Logo, as parafilias são variações do comportamento sexual que foge ao padrão estabelecido pela sociedade. A característica disso é a atração sexual intensa ou recorrente por objetos ou atividades incomuns, por meio de fantasias, apresentando esse comportamento por mais de 6 meses. Para que seja considerado um transtorno, é preciso que a pessoa sinta uma angústia decorrente desse desejo sexual.

De modo geral, esses comportamentos podem ser muito prejudiciais tanto para o praticante quanto para o sujeito que está envolvido no foco sexual. De acordo com profissionais, a origem desses padrões de comportamento se desenvolve desde a infância ou início da puberdade. Logo, o tratamento envolvido na terapia da parafilia envolve principalmente evitar ou diminuir os episódios de recaídas.

Mas o sofrimento mútuo não é uma regra para a definição da parafilia. No passado, essa era conhecida ainda como “perversão sexual”. Atualmente é chamada de transtorno parafílico e contra com uma abrangência eu permite uma abordagem médica, distante dos julgamentos de valores morais.

Quais são os grupos de parafilia?

Existem vários tipos de parafilia; inclusive aqueles que podem ser considerados práticas criminosas. Os mais comuns são:

1. Transtorno de voyeurismo

Pessoas voyeur sentem excitação sexual ao ver outras pessoas se despindo, durante a prática sexual ou apenas nua. O que excita essas pessoas é o ato da observação; apenas espionar alguém e não participar da atividade sexual. Quando um voyeur observa uma pessoa desavisada, ele pode enfrentar problemas legais muito sérios! Por isso, é preciso haver consentimento. Sempre.

Normalmente, esse desejo começa na adolescência ou nos primeiros anos da vida adulta. Formas leves desse comportamento são socialmente aceitas quando praticadas por adultos com consentimento. Existem até ambientes específicos para a realização. Casas de swing, por exemplo, costumam ter ambientes projetados para o voyeurismo.

2. Transtorno de travestismo

O travestismo envolve excitação sexual intensa ou recorrente ao usar vestimentas do sexo oposto. Na Psicologia e Psiquiatria, o diagnóstico do transtorno só é aplicado aos indivíduos que tiverem os sintomas de um transtorno parafílico, ou seja, se o ato causa sofrimento ao indivíduo. 

Portanto, essas pessoas não compartilham de um sentimento interno de pertencer ao sexo oposto, ou sequer sentem vontade de mudar de sexo, como é o caso de pessoas com disforia de gênero. Muitas vezes, no caso do transtorno de travestismo, trata-se de pessoas cisgêneros. E por isso difere da transexualidade enquanto identidade de gênero

3. Exibicionismo

O exibicionismo envolve a exposição dos órgãos genitais com a finalidade de obter excitação sexual; ou o desejo de ser observado por outras pessoas durante o sexo. É o oposto do voyeur! Para ser considerado transtorno, a pessoa precisa pôr em prática os desejos exibicionistas ou se sentir angustiado pelo desejo de se exibir.

Essas pessoas podem estar conscientes da sua necessidade de surpreender, impressionar ou chocar o observador desavisado; o que é considerado um ato criminoso. O contato sexual real, portanto, quase nunca é procurado, de modo que os exibicionistas raramente cometem estupro físico.

4. Fetichismo

O fetichismo está entre os transtornos mais comuns e representa o uso de objetos inanimados para obter excitação sexual. Em outras palavras, trata-se da excitação sexual intensa e recorrente do uso de um objeto inanimado ou do foco em uma parte não genital do corpo. Para ser considerado um transtorno, a prática causa angústia e interfere substancialmente com o desempenho de funções de rotina. Pode inclusive prejudicar a vida sexual da pessoa, uma vez que ela pode não encontrar prazer no sexo se não for suprindo os seus fetiches.

5. Sadismo e Masoquismo

O transtorno do sadismo se aplica às pessoas que sentem prazer em infligir dor e sofrimento aos parceiros sexuais. Essa dor pode ser psicológica ou, como é mais comum, física! O transtorno pode se manifestar em graus moderados. Em alguns casos, o sadista vai usar apenas lenços para amarrações durante o sexo. Em outros, pode preferir usar a força bruta para sentir-se sexualmente satisfeito.

Por outro lado, o masoquista sente excitação sexual ao ser humilhado e maltratado fisicamente e psicologicamente na cama! Assim como no sadismo, pode haver graus de aceitação. Algumas pessoas gostam de xingamentos na cama enquanto outras preferem sofrer danos físicos. É comum procurarem por sadistas para atividades sexuais, uma vez que se eles se completam.

Como diagnosticar uma parafilia?

Os profissionais da saúde não têm a intenção de julgar os comportamentos de maneira moral, mas sim criar um ambiente seguro para que o paciente possa expor suas angústias acerca do quadro de forma singular. Logo, a abordagem do paciente com parafilia precisa ser tratada com um somatório entre cuidado e habilidade. Pensando nisso, o profissional deve se comportar de maneira a não ter uma postura julgadora em relação ao paciente.

É essencial ter em mente que, em casos mais avançados e delicados, de longa data do comportamento parafílico, é comum que o paciente experimente um abalo nas relações interpessoais. Isso ocorre porque é muito incomum que esse paciente considere o seu comportamento de fato algo distônico, ou que mereça algum tipo de intervenção.

Portanto, os profissionais de saúde mental são os auxiliares no processo de tratamento de quem sofre de alguma parafilia. Essa avaliação cuidadosa, bem como a identificação específica de qual parafilia está presente no caso, fazem parte da conduta terapêutica. O cultivo de uma boa relação médico-paciente é algo fundamental para o sucesso terapêutico do indivíduo, uma vez que o acompanhamento pode ser facilmente interrompido pela falta de confiança do paciente.

Quais são os riscos da parafilia?

Como foi visto, o comportamento parafílico é muito diverso. Pode ter uma gama imensa de apresentações e raízes psiquiátricas. Logo, os riscos que envolvem a apresentação desses quadros são diversos, muito relacionados à etiologia da parafilia em questão.

A princípio, embora a parafilia seja uma condição que prejudica tanto o agente como o sujeito da ação, o maior prejudicado é quem não consentiu com o ato.

Fontes: Sanar Med; Portal Unit; MSD Manuals

Referências Biblográficas

  1. Balone, 2005.
  2. parafílico: o que mudou com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5a edição (DSM-5).
  3. Perturbações Parafílicas no séc. XXI. Ana Rita Ribeiro Caldeano.
  4. Dalgalarrondo, Semiologia dos Transtornos Mentais.

Recomendados para você

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *