A ninfomania é o desejo compulsivo por sexo. Trata-se de um transtorno que faz com que as pessoas, por mais que façam sexo, não se sintam satisfeitas. Há até quem compare esse desejo com o vício em bebidas, compras ou comidas.
Mesmo que o sexo seja considerado algo positivo e que traz vários benefícios para a nossa saúde, esse transtorno pode causar danos na convivência. De acordo com o psiquiatra Arnaldo Barbieri, não existem razões biológicas para explicar o comportamento. Sendo assim, se uma pessoa gostar muito de sexo, ela ser considerada uma ninfomaníaca?
Vamos descobrir.
O que é ninfomania?
Também chamada de hipersexualidade, a ninfomania é um transtorno psiquiátrico na mulher. Ele é definido pelo excesso de apetite sexual ou um desejo compulsivo por sexo. No entanto, nem mesmo os profissionais conhecem, ainda, a causa específica da ninfomania.
Acredita-se que acontece por causa de alterações dos neurotransmissores, embora possa estar relacionada, também, a algumas doenças. Mulheres com ninfomania perdem o controle sobre seus desejos por sexo. Isso pode inclusive prejudicar a qualidade de vida, fazendo com que essas mulheres troquem momentos importantes da vida por relações sexuais sem significado.
São relações, portanto, que sequer dão prazer. Além disso, elas se sentem culpadas e angustiadas posteriormente.
E sim, a ninfomania é o nome do transtorno para mulheres, apenas. Quando é um homem com os mesmos desejos, a condição é chamada de satiríase. Ambas as condições são conhecidas como “hipersexualidade”.
Possíveis causas de ninfomania
Existem algumas causas que podem estar ligadas a ninfomania. São elas:
1. Distúrbios psicológicos
De acordo com a psicóloga Milena Lhano, a ninfomania pode estar ligada a transtornos psicológicos. Distúrbios emocionais, temores e vícios fazem parte desse ciclo. Portanto, um medo pode estar fortemente ligado à compulsão e ambos podem ser gerados por doenças maiores.
Ela ainda usa de exemplo a solidão. A sensação de isolamento pode fazer com que busquemos parceiros sexuais. No entanto, por trás do ato de estar sozinho, talvez exista um transtorno ainda maior como depressão, por exemplo.
Isso faz com que adotemos comportamentos extremos como forma de preencher vazios. Arnaldo Barbieri aponta ainda outras doenças, como o Transtorno Bipolar e TDAH. Porém, é importante lembrar que o quadro pode ocorrer em pessoas sem outros distúrbios psiquiátricos.
2. Traumas de infância
De acordo com a sexóloga Carla Cecarello, a ninfomania pode começar na infância. Isso quando a criança é vítima de agressões, sejam elas emocionais ou físicas. Então o sexo se torna uma forma de aliviar esses traumas quando adultas. A prática passa a ser a principal fonte de bem-estar do compulsivo. Desse modo, torna-se impossível viver sem sexo.
Quais são os sintomas da ninfomania?
Esse é um transtorno normalmente acompanhado de crises de ansiedade e depressão. O sentimento de culpa também é bem presente. Os principais sintomas são:
1. Variedade de parceiros sexuais
A falta de prazer pode fazer com que elas tenham relações sexuais com várias pessoas diferentes num curto espaço de tempo. Desse modo, elas acreditam que terão mais chances de encontrar a satisfação. E por esse motivo se aventuram sem pensar duas vezes.
2. Consumo excessivo de pornografia
A pornografia é uma forma de promover a satisfação sexual quando se tem ninfomania. Isso resulta, é claro, na masturbação e fantasias sexuais bem intensas.
3. Masturbação em excesso
Mulheres que possuem esse distúrbio tendem a se masturbar com frequência. Podem ser várias práticas por dia. Além disso, elas podem fazer uso exagerado de objetos sexuais, como vibradores, por exemplo.
4. Fantasias sexuais intensas
Nesses casos, as fantasias sexuais podem ocorrer a qualquer momento, independente do lugar onde estão. Dessa forma, as mulheres com o transtorno podem se masturbar em momentos e locais inapropriados. Quando tentam controlar essas fantasias, há grandes chances de que se sintam ansiosas ou deprimidas.
5. Falta de satisfação
Embora façam bastante sexo, as mulheres com ninfomania sentem dificuldade em encontrar o prazer. E é por isso que estão a todo o momento insatisfeitas sexualmente e buscando por parceiros ou parceiras.
6. Trair o parceiro para satisfazer os desejos sexuais
Como foi dito, encontrar a satisfação é algo quase impossível e os parceiros geralmente não conseguem suprir isso. Então, é comum que as pessoas com o transtorno traiam seus parceiros.
Como é feito o diagnóstico de ninfomania?
O diagnóstico é uma tarefa complexa que deve ser realizada por um médico psiquiatra, uma vez que apenas um especialista na área pode lidar com ela da melhor forma possível. Devido a diversos desacordos sobre a ninfomania, este transtorno não foi incluído no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Embora tenham sido propostos critérios para o diagnóstico, especialistas alegam que não há evidências empíricas suficientes para sua inclusão.
Um estudo publicado no Journal of Sexual Medicine, que avaliou os critérios propostos, revelou que eles parecem demonstrar alta confiabilidade e validade quando aplicados a pacientes por profissionais devidamente treinados.
Segundo os critérios propostos, é possível diagnosticar uma pessoa com esse distúrbio se ela apresentar uma série de condições:
Condição A
Por um período de 6 meses, o paciente precisa ter fantasias, impulsos e comportamentos sexuais recorrentes e intensos associados com pelo menos quatro dos critérios a seguir:
- Comportamentos ocorrem em resposta a estados de humor disfóricos, como depressão, ansiedade, tédio e irritabilidade. Ou então ocorrem em eventos estressantes da rotina;
- Os comportamentos consistentemente interferem em outras atividades e obrigações;
- A frequência ou intensidade de fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais causam algum tipo de sofrimento ou deficiência significativa;
- Esforços consistentes, mas malsucedidos para controlar ou diminuir os impulsos, fantasias ou comportamentos sexuais;
- Envolver-se em comportamentos sexuais ignorando o potencial de dano físico ou emocional para si ou quem lhe cerca.
Condição B
Existe sofrimento ou prejuízo social, pessoal, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida por causa da frequência e intensidade desses desejos, fantasias e comportamento.
Condição C
A pessoa tem pelo menos 18 anos de idade.
Condição D
As fantasias, impulsos e comportamentos sexuais não acontecem por causa de efeitos psicológicos diretos de substâncias exógenas, como por exemplo, o uso de drogas ou determinados medicamentos. Isso associado a outras condições médicas.
Esse é um método de diagnóstico bem comum e utilizado pela Dra. Juliana Ribeiro, especialistas em Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina.
Como é feito o tratamento para ninfomania?
Claro que o tratamento para o distúrbio precisa ser feito com o auxílio de um profissional. Então é feito um acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Normalmente realizam-se sessões de terapia cognitiva-comportamental, ou psicodinâmica.
O objetivo é fazer a mulher reconhecer seus comportamentos. Desse modo, vai poder adaptar estratégias para alterar suas ações. Além da psicoterapia, o profissional pode ainda indicar medicamentos. São utilizados antidepressivos ou estabilizadores de humor, que servem para ajudar a regular o comportamento obsessivo.
Vale lembrar que a ninfomania pode aumentar os riscos de contágio com DSTs. Sendo assim, pessoas com essa condição precisam fazer exames regulares para avaliar a sua saúde no geral.
Quais são as consequências da ninfomania?
1. Nos relacionamentos
Assim como em outros vícios, a ninfomania pode vir à tona em ambientes aleatórios. Desta forma, a ninfomaníaca começa a notar alguns problemas sem seus relacionamentos pessoas. Além do seu desempenho profissional, por exemplo.
“Não é impossível que uma pessoa ninfomaníaca possa ter um relacionamento. Entretanto, ele será conflituoso, e repleto de insatisfações”, afirma Milena. Isso pode acontecer porque o vício por sexo faz com que ela queira cada vez mais. Seu parceiro, em contrapartida, sentirá grande cobrança para corresponder aos desejos.
2. Na saúde sexual
Como falamos anteriormente, o número elevado de transas pode aumentar as chances de uma relação desprotegida. Desta forma, há o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis. Em muitos casos de ninfomania, a vítima acaba recorrendo a prostituição em busca do prazer.
3. Na vida profissional
As consequências no meio profissional também são notáveis. “A pessoa não consegue mais se concentrar em suas tarefas. Isso porque só é capaz de pensar em transar. Com isso, ela acaba indo ao banheiro diversas vezes para se masturbar. Ela não consegue mais dar atenção às suas obrigações”, disse a especialista.
Aproveite para ler também: Compulsão por trair existe ou é desculpa?
Fontes: Tua Saúde; Dicas de Mulher; Minha Vida; Dra. Juliana Ribeiro; Zenklub; ABC Med
Referências Bibliográficas
ABCMED, 2017. Ninfomania – como ela é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1286808/ninfomania-como-ela-e.htm>. Acesso em: 19 fev. 2024.