Muita gente pergunta se é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. É um assunto delicado e que divide opiniões, já que a pauta é vista de forma singular. Algumas pessoas acreditam que sim, é possível, enquanto outras mantêm o conservadorismo e alegam não haver essa possibilidade.
Mas como os especialistas da área pensam? Trouxemos então uma visão mais ampla sobre o assunto. Confira conosco a seguir.
É possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo?
Embora seja um assunto polêmico, sim, é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, e essa ideia tem respaldo entre especialistas em relações humanas. O amor não é algo fixo ou limitado; ele pode se manifestar de formas diferentes com pessoas diferentes.
A psicóloga Deborah Anapol, por exemplo, argumenta que temos uma capacidade emocional expansiva, o que permite criar laços afetivos profundos com mais de uma pessoa de maneira sincera.
No poliamor, esse tipo de amor múltiplo é vivido de forma aberta e consensual, mas até mesmo em relacionamentos monogâmicos é possível que alguém se veja dividido entre sentimentos por duas pessoas. Segundo a terapeuta Esther Perel, isso não significa necessariamente que o primeiro amor acabou, mas que há camadas emocionais que merecem atenção e reflexão.
O importante, segundo estudiosos como Elisabeth Sheff, é reconhecer que esse tipo de vivência amorosa exige maturidade, clareza nos sentimentos, comunicação e muito respeito com todos os envolvidos. Amar mais de uma pessoa pode ser desafiador, mas não é impossível, e pode até ser profundamente verdadeiro, desde que vivido com responsabilidade emocional.
Amar mais de uma pessoa significa ser não monogâmico?
Amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo não significa, automaticamente, que alguém seja não monogâmico. Às vezes, a gente simplesmente sente; se conecta com alguém, se envolve emocionalmente, mesmo estando em um relacionamento monogâmico.
Isso pode causar confusão, culpa, medo, mas não quer dizer que a pessoa deseje viver duas relações ou abrir o relacionamento. Pode ser só um sentimento que surgiu, sem intenção, e que precisa ser compreendido com cuidado.
Já quem se identifica com a não monogamia ética entende que é possível amar mais de uma pessoa e viver isso de forma consciente, aberta e respeitosa. Nesse caso, o amor múltiplo é acolhido como parte da forma de se relacionar, com acordos claros e consentimento de todos os envolvidos.
Especialistas lembram que sentir amor por mais de uma pessoa pode acontecer com qualquer um. O que faz diferença é como lidamos com isso. Ou seja, amar mais de uma pessoa não define, por si só, se alguém é monogâmico ou não. A forma de viver esse amor com escolha, diálogo e responsabilidade, é o que conta.
O que uma pessoa monogâmica deve fazer ao amar mais de uma pessoa?
Quando uma pessoa monogâmica percebe que está amando mais de uma pessoa, é comum se sentir confusa, culpada ou até perdida. Mas isso não significa que ela tenha falhado ou que seu relacionamento atual esteja condenado. Sentimentos acontecem; o importante é como se escolhe lidar com eles.
O primeiro passo é olhar para dentro, com honestidade. Esse novo amor revela uma falta, um desejo, ou uma conexão verdadeira? Refletir sobre isso com calma, ou com ajuda terapêutica, pode trazer clareza.
Se a decisão for continuar na monogamia, talvez seja necessário se afastar emocionalmente dessa nova pessoa. Mas, se o sentimento persistir, pode ser o começo de uma conversa mais sincera sobre o relacionamento atual e os próprios limites.
O essencial é agir com responsabilidade emocional, empatia e respeito, tanto com a parceira atual quanto consigo mesmo. Sentir por outra pessoa não é trair, esconder ou agir sem clareza, sim. O sentimento em si não define quem somos, mas nossas escolhas, sim.
Fontes: Capricho; Metrópoles; Consultório de Psicologia; Activa; Doutor Jairo; Psicologia Online
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANAPOL, Deborah. Love Without Limits: The Quest for Sustainable Intimate Relationships. San Rafael: IntiNet Resource Center, 1997.
PEREL, Esther. Talvez Você Deva Conversar com Alguém: Reflexões Sobre o Amor, Desejo e Infidelidade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.
SHEFF, Elisabeth. The Polyamorists Next Door: Inside Multiple-Partner Relationships and Families. Lanham: Rowman & Littlefield, 2014.
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
