Existem as dores físicas, que sentimos em certas partes do corpo e nos causam incômodo, não é mesmo!? Mas, além dessas dores, existe a dor emocional, que vem silenciosa e pode ser ainda mais devastadora, uma vez que nos atinge de dentro para fora. Inclusive, a dor emocional pode desencadear uma série de sentimentos físicos, se tornando ainda mais intensa.
Há vários gatilhos que a desperta, e nós vamos mostrar alguns para vocês. Confira a seguir o que essa dor emocional, quais são os sintomas e uma dica muito importante de como lidar com a mesma.
O que é a dor emocional?
A dor emocional é aquele aperto no peito que não aparece em exames, mas que a gente sente de forma muito real. Ela pode surgir quando algo importante se perde, quando alguém nos machuca, quando um sonho não dá certo ou quando a vida nos coloca diante de situações que parecem maiores do que conseguimos suportar.
É um tipo de dor silenciosa, que não sangra e não deixa cicatriz visível, mas que pesa no coração e rouba a leveza dos dias. Muitas vezes, é difícil colocar em palavras o que se sente, porque é como um vazio ou uma mistura de sentimentos que se confundem.
Essa dor não é fraqueza, é parte da experiência humana, algo que todos enfrentam em algum momento. E assim como a dor física, ela precisa de cuidado, de acolhimento e de tempo para se transformar em aprendizado e em força para seguir adiante.
Quais são os sintomas da dor emocional?
1. Cansaço constante
A dor emocional drena a energia. Mesmo sem esforço físico, a pessoa pode se sentir esgotada, sem ânimo para realizar atividades simples do dia a dia. É como se o corpo carregasse o peso do coração.
2. Alterações no sono
Muita gente passa a ter insônia, demorando horas para conseguir dormir, enquanto outros acabam dormindo demais como forma de escapar do sofrimento. O sono deixa de ser um descanso e vira uma luta.
3. Falta de apetite ou comer em excesso
Alguns perdem completamente a vontade de comer, enquanto outros buscam na comida um alívio momentâneo para a angústia. O corpo reflete aquilo que a mente não consegue organizar.
4. Isolamento social
A pessoa pode sentir vontade de se afastar de amigos e familiares, evitando conversas e encontros. É como se a dor pedisse silêncio e a presença dos outros se tornasse pesada demais.
5. Irritabilidade e impaciência
A dor emocional pode deixar a pessoa mais sensível, reagindo de forma intensa a pequenas situações. O que antes passava despercebido agora incomoda muito mais.
6. Choro frequente
O choro surge como uma forma natural de extravasar a dor que está presa dentro. Às vezes vem de repente, sem motivo aparente, mostrando o quanto as emoções estão à flor da pele.
7. Sensação de vazio
É aquele sentimento de que nada faz sentido, como se faltasse algo por dentro. Mesmo rodeada de coisas boas, a pessoa pode não conseguir sentir prazer ou alegria.
Quais são as principais causas da dor emocional?
1. Perda de alguém querido
A morte de uma pessoa importante ou até mesmo o afastamento definitivo de alguém especial causa um vazio difícil de preencher. É uma dor que mistura saudade, lembranças e a dificuldade de aceitar a ausência.
2. Fim de relacionamento
Quando um namoro, casamento ou parceria chega ao fim, não é só a pessoa que vai embora, mas também os planos e sonhos que foram construídos juntos. Isso gera frustração, tristeza e um sentimento de quebra interna.
3. Rejeição e abandono
Sentir-se rejeitado, não aceito ou deixado de lado pode machucar profundamente a autoestima. A sensação é de não ser suficiente, e isso corrói por dentro com o tempo.
4. Traição ou quebra de confiança
Quando alguém em quem confiamos nos engana ou nos decepciona, a dor emocional é intensa. Não é só a situação em si, mas a perda da segurança e da confiança que sustentavam a relação.
5. Solidão
Mesmo cercado de pessoas, é possível sentir-se sozinho. A solidão emocional faz a pessoa acreditar que não tem com quem contar de verdade, e isso pode pesar tanto quanto qualquer perda.
6. Pressões e frustrações pessoais
Metas não alcançadas, sonhos interrompidos ou a sensação de não estar vivendo o que gostaria provocam um desgaste interno enorme. É como se a vida cobrasse demais e a gente nunca conseguisse dar conta.
7. Conflitos familiares
Discussões, falta de diálogo ou relações difíceis dentro da família geram feridas profundas. Quando o lar, que deveria ser refúgio, se torna fonte de dor, o impacto emocional é ainda mais forte.
9 principais formas de dor emocional
1. Tristeza profunda
É aquela sensação de peso no coração que parece não passar. A tristeza pode vir acompanhada de lágrimas fáceis e de uma vontade de se recolher do mundo, como se nada mais fizesse sentido.
2. Ansiedade
É viver constantemente em alerta, com o coração acelerado e a mente cheia de preocupações. A ansiedade é uma dor emocional que cria cenários de medo antes mesmo das coisas acontecerem, roubando a paz do presente.
3. Culpa
Carregar a culpa é como andar com uma mochila cheia de pedras. A pessoa sente que poderia ter feito algo diferente, que falhou ou magoou alguém, e esse peso constante não permite que ela siga em frente com leveza.
4. Solidão emocional
Não é apenas estar sozinho fisicamente, mas sentir que não existe ninguém capaz de compreender de verdade o que se passa por dentro. É um vazio silencioso que machuca.
5. Raiva contida
Quando a raiva não encontra espaço para ser expressa, ela se transforma em dor. A pessoa sente um turbilhão interno, mas muitas vezes engole esse sentimento, o que acaba gerando ainda mais sofrimento.
6. Medo
O medo paralisa e impede de viver plenamente. Ele pode ser de perder alguém, de falhar, de não ser aceito ou até de enfrentar o futuro. É uma dor que se alimenta da insegurança.
7. Vergonha
Sentir vergonha de si mesmo, de algo vivido ou de uma falha pode ser devastador. Essa forma de dor emocional mina a autoestima e faz a pessoa se esconder, evitando mostrar quem realmente é.
8. Saudade
A saudade é uma dor doce e amarga ao mesmo tempo. Ela lembra o quanto algo foi importante, mas também reforça a ausência. É um vazio que o coração insiste em sentir, mesmo quando se tenta seguir adiante.
9. Ressentimento
Guardar mágoas do passado é como manter feridas abertas. O ressentimento faz a dor se prolongar, revivendo situações dolorosas e impedindo que o coração se cure por completo.
Como diferenciar dor física de dor emocional?
A diferença entre a dor física e a dor emocional está muito mais no jeito como elas nascem do que na intensidade, porque ambas podem ser devastadoras. A dor física geralmente aparece em um ponto específico do corpo. É aquela batida que deixa roxo, a inflamação que incomoda, a doença que o médico consegue identificar em um exame.
Já a dor emocional não tem lugar fixo, ela se espalha silenciosa, nasce de dentro e vem de perdas, decepções, medos ou lembranças que machucam. Enquanto a dor física costuma ter um remédio ou um tratamento mais direto, a dor emocional pede algo diferente, como tempo, acolhimento, conversa e, muitas vezes, a coragem de olhar para dentro.
O mais curioso é que elas se misturam. Uma dor no coração pode se transformar em dor de cabeça, em aperto no peito, em falta de ar, e uma dor física que não passa pode abalar o emocional, trazendo tristeza e desânimo.
No fim, a diferença está em perceber se o que dói vem do corpo ou da alma, mas em ambos os casos o cuidado precisa ser verdadeiro, porque ignorar qualquer dor só faz com que ela cresça ainda mais.
O que fazer se estiver sentindo dor emocional?
Quando a dor emocional aperta, é normal se sentir perdido, pesado e até sem chão. Nesses momentos, o primeiro passo é se permitir sentir de verdade, sem se julgar ou tentar engolir o que dói. Chorar, escrever, falar com alguém de confiança ou simplesmente reconhecer a tristeza já ajuda a aliviar o peso no peito.
Estar perto de pessoas que nos escutam com cuidado faz com que a solidão diminua e mostra que não precisamos carregar tudo sozinhos. Cuidar de si mesmo em pequenas coisas, como descansar, caminhar, tomar um café com calma ou se entregar a algo que traga leveza, pode parecer simples, mas faz diferença.
E quando a dor se torna difícil de enfrentar, procurar um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra, é um gesto de coragem e cuidado com a própria vida. Ter alguém para ouvir, orientar e ajudar a organizar os sentimentos permite perceber que, mesmo na tristeza mais profunda, é possível encontrar força, equilíbrio e esperança para seguir em frente.
Fontes: Fundação Sanepar; Hospital Santa Mônica; CRP DF; Psicólogo e Terapia; Grupo Recanto
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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