Com a popularização dos aplicativos de relacionamento, diversos termos surgiram para descrever comportamentos comuns nesse ambiente virtual. Entre os mais conhecidos estão o ghosting, quando uma pessoa desaparece repentinamente da vida de outra, e o orbiting, quando alguém continua a observar as postagens do outro nas redes sociais sem interagir diretamente. Uma expressão que tem ganhado força recentemente é o cushioning.
Em tradução livre, o termo significa “amortecer” e está ligado a um comportamento que pode afetar emocionalmente muitas pessoas. Para entender melhor o impacto dessa prática, preparamos uma explicação mais detalhada. Confira a seguir.
O que é cushioning?
O termo cushioning é utilizado para descrever quando uma pessoa, mesmo após iniciar um relacionamento sério, continua a manter conversas ou até a se relacionar com outras pessoas. Esse comportamento é uma tentativa de manter uma “opção B” em caso de falhas no relacionamento principal. De forma direta, é a prática de ter várias alternativas românticas em paralelo, enquanto ainda se está comprometido com alguém em uma relação mais séria.
De acordo com o professor Jayson Dibble, autor de um estudo realizado em 2014 e assistente de comunicação no Hope College, para que o cushioning aconteça, é necessário que haja uma comunicação relativamente frequente com as outras pessoas envolvidas. Jayson explica que, com essa prática, a pessoa busca cultivar um flerte secreto como uma espécie de segurança contra os desafios do relacionamento atual.
A terapeuta matrimonial e familiar Elisabeth LaMotte complementa essa ideia, afirmando que o cushioning ocorre quando alguém, já em um relacionamento sério, busca compensar as insatisfações ou inseguranças com uma pessoa que oferece o que o parceiro principal não consegue. Por exemplo, alguém que está com um parceiro bem-sucedido, mas ansioso, pode se sentir atraído por alguém mais relaxado, mas que não consegue manter o mesmo nível de compromisso
Como funciona o cushioning?
Nesse sentido, o cushioning pode ser considerado uma forma de traição disfarçada, com a justificativa de buscar uma ‘segunda opção’ caso o relacionamento principal não dê certo. Com a popularização dos aplicativos de namoro, essa prática ganhou visibilidade, permitindo que as pessoas mantenham contatos paralelos de forma disfarçada, enquanto ainda estão comprometidas. Embora o termo seja novo, o comportamento em si não é, e pode ser observado muito antes da era digital.
Alguns comparam o cushioning com os antigos casamentos arranjados, onde os casais se uniam por conveniência social, mas mantinham amantes para suprir necessidades emocionais e físicas. Apesar de algumas pessoas tentarem romantizar o comportamento, ele nada mais é do que uma forma disfarçada de traição, em que a confiança e o respeito pelo relacionamento ficam em segundo plano.
Quais são as possíveis causas do cushioning?
1. Inseguranças e medos
O medo excessivo de ficar dozinho, inseguro em relação ao futuro da relação ou uma busca constante por validação externa podem ser causas de uma pessoa adotar a prática. De acordo com relatos, é uma forma de se proteger.
2. Cultura de “ter opções”
A era digital nos acostumou a ter uma ideia de muitas opções disponíveis com apenas um clique na tela. Esse pensamento se estende às relações amorosas, levando as pessoas a buscarem “planos B” emocionais, evitando a solidão em caso de uma possível perda.
3. Falta de intimidade e comunicação
A comunicação falha entre um casal, assim como a falta de intimidade na relação podem abrir espaço para esse tipo de traição. É uma forma de suprir as necessidades não atendidas pela parceria.
Quais são as consequências do cushioning?
Claro que essa prática pode trazer consequências para todas as pessoas envolvidas. Como:
1. Quem pratica
A pessoa que prática pode sofrer com isso! Vergonha, baixa autoestima e dificuldade em construir novos relacionamentos, saudáveis e sólidos no futuro, são algumas delas. Diferente do que muitos pensam, ao praticar essa traição, é comum sentir-se envergonhado e para baixo.
2. Para a parceria
A parceria pode sofrer intensamente, principalmente ao descobrir. A sensação é de traição emocional, dor, ressentimento e quebra de confiança. Inclusive, essa pessoa pode desenvolver traumas de relacionamentos, se recusando a arriscar algo do tipo novamente no futuro.
3. Para o “cushion”
O cushion também sofre consequências, principalmente porque, em muitos casos, sequer sabe que está sendo usado de segunda opção. Eles podem sofrer com a sensação de ser manipulado ou não ser bom o suficiente para uma relação séria e concreta.
Para Samantha Burns, treinadora de namoro e autora de Breaking Up & Bouncing Back, a prática é injusta tanto para o parceiro atual quanto para a pessoa que atua como seu amortecimento!
Fontes: UOL; Social1; Capricho; Escola e Educação;