Muitas pessoas não sabem como sair de um relacionamento abusivo, mesmo quando já notaram viver sob essas condições. Não é tão simples quanto parece, uma vez que a pessoa que sofre, vive em constante medo e dependência. Normalmente a pessoa que está em desvantagem vive oprimida e se sentindo culpada por tudo.
Diante do assunto de tanta importância, trouxemos uma pauta que vale a pena ser discutida e refletida. Então, confira a seguir mais detalhes sobre.
Quais são os sinais de um relacionamento abusivo?
1. Controle excessivo
Em um relacionamento abusivo, é comum que o parceiro tente controlar todos os aspectos da vida da outra pessoa. Isso pode envolver críticas constantes ao jeito de se vestir, à forma como se comporta em público, aos amigos e até às postagens nas redes sociais. O abusador geralmente disfarça esse comportamento como “preocupação” ou “ciúmes por amor”, mas na verdade está tentando limitar a liberdade da outra pessoa. Com o tempo, essa vigilância constante faz com que a vítima se sinta sufocada e perca sua autonomia.
2. Isolamento
Outro sinal grave é quando o parceiro começa a afastar a pessoa das suas relações sociais e familiares. Pode ser feito de forma direta, com proibições, ou mais sutil, criando conflitos sempre que você quer ver alguém ou fazendo comentários negativos sobre seus amigos e familiares. Aos poucos, a vítima se vê sozinha, sem apoio e dependente emocionalmente do abusador. O isolamento facilita o abuso, pois enfraquece os vínculos que poderiam oferecer ajuda ou conselhos.
3. Ciúmes e possessividade extremos
Embora o ciúmes possa ser normal em pequenas doses, quando se torna uma constante ou vira motivo de acusações infundadas e vigilância, é sinal de abuso. A pessoa ciumenta demais pode exigir explicações constantes sobre cada passo, ficar incomodada quando você fala com alguém e até acusar de traição sem qualquer motivo. Isso não é sinal de amor, mas de insegurança e desejo de posse, o que pode gerar um ambiente de medo e tensão.
4. Desvalorização e humilhação
O abusador frequentemente tenta diminuir a autoestima da outra pessoa com críticas constantes, piadas ofensivas, comparações humilhantes ou desprezo. Isso pode acontecer tanto em público quanto em privado e muitas vezes é disfarçado de “brincadeira”. Com o tempo, a vítima começa a se sentir inferior, insegura e dependente do parceiro até para tomar decisões simples, acreditando que não é capaz de nada sozinha.
5. Culpabilização constante
Um comportamento comum em relações abusivas é fazer com que a vítima se sinta responsável por tudo de errado que acontece. O parceiro inverte as situações, distorce os fatos e faz com que a outra pessoa se sinta culpada até pelos erros dele. Isso gera um peso emocional muito grande e reforça o sentimento de inadequação, fazendo com que a vítima pense que precisa “melhorar” para que o relacionamento funcione.
6. Ameaças diretas ou veladas
Ameaçar terminar o relacionamento, se machucar, prejudicar terceiros ou até expor segredos são formas de intimidação que o abusador usa para manter a outra pessoa sob controle. Essas ameaças, mesmo quando não cumpridas, criam um clima de medo constante e são uma forma de chantagem emocional. A vítima, por medo das consequências, muitas vezes cede a situações com as quais não concorda, apenas para “evitar problemas”.
7. Explosões de raiva ou violência
Gritos, xingamentos, empurrões ou até agressões físicas são formas claras de abuso e nunca devem ser normalizadas. Muitas vezes, a primeira agressão é justificada como “foi no calor do momento”, mas é um sinal de alerta. Mesmo que a pessoa peça desculpas depois, esse comportamento tende a se repetir e, muitas vezes, piora com o tempo. Violência nunca é aceitável em nenhuma circunstância.
8. Ciclo de agressão e reconciliação
Esse ciclo é muito comum em relacionamentos abusivos: depois de um episódio de agressão ou abuso, o parceiro se mostra arrependido, promete mudar, faz declarações de amor e age com carinho por um tempo. Isso dá a falsa sensação de que tudo vai melhorar. Mas, com o tempo, o comportamento abusivo retorna, e o ciclo recomeça. A vítima fica presa nesse vaivém emocional, acreditando que o abusador pode mudar de verdade.
9. Invasão de privacidade
Quando o parceiro exige acesso a senhas, checa o celular, lê mensagens ou tenta controlar tudo o que a outra pessoa faz online, isso não é cuidado — é invasão de privacidade. Todo relacionamento saudável precisa de confiança e respeito pelos limites do outro. Esse tipo de controle sufoca a liberdade e transforma a relação em um ambiente de desconfiança constante.
10. Manipulação emocional
O termo “gaslighting” se refere a uma forma de abuso psicológico em que o parceiro faz a outra pessoa duvidar da própria percepção da realidade. Frases como “você está exagerando”, “isso nunca aconteceu assim” ou “você entendeu tudo errado” são usadas para confundir e desestabilizar emocionalmente. Aos poucos, a vítima passa a duvidar da própria memória, sentimentos e até sanidade, ficando cada vez mais dependente do abusador para entender o que é “real”.
Como sair de um relacionamento abusivo?
1. Reconhecer que está em um relacionamento abusivo
O primeiro passo é reconhecer que o que está acontecendo não é normal, nem aceitável. Isso pode ser difícil porque muitas vezes o abusador manipula a percepção da vítima, fazendo com que ela ache que está exagerando, sendo ingrata ou que “todas as relações são assim”. Entender que abuso não é só violência física, mas também emocional, psicológico, financeiro ou sexual, é fundamental. Reconhecer o problema não é fraqueza — é o primeiro sinal de força.
2. Quebrar o silêncio e buscar apoio emocional
Falar com alguém de confiança é essencial: um amigo, um familiar, um psicólogo, ou até uma linha de apoio. O abusador normalmente tenta isolar a vítima para que ela não perceba que está sendo maltratada. Quando você fala, compartilha sua dor e ouve outras perspectivas, começa a reconstruir sua autonomia emocional. O apoio de outras pessoas pode te ajudar a ver com mais clareza o que está acontecendo — e a ter forças para agir.
3. Planejar com segurança a saída
Sair de um relacionamento abusivo, especialmente quando há violência ou ameaças, pode colocar a vítima em risco. Por isso, é importante não avisar o abusador com antecedência e planejar com cuidado. Guarde documentos pessoais, dinheiro, roupas e contatos importantes em um lugar seguro ou com alguém de confiança. Se possível, tenha um plano B de moradia temporária, como a casa de um parente ou abrigo. Caso esteja em risco imediato, procure ajuda legal ou policial antes de sair.
4. Romper o contato
Depois da separação, o abusador pode tentar te reaproximar com promessas de mudança, manipulação emocional ou até ameaças. Por isso, é fundamental romper o contato. Isso inclui bloquear em redes sociais, WhatsApp, e-mails, evitar lugares onde ele frequenta e pedir apoio para que pessoas próximas também não repassem informações suas. Essa distância é essencial para que você se reconstrua emocionalmente, sem recaídas.
5. Trabalhar sua autoestima e identidade
Depois de um relacionamento abusivo, muitas pessoas sentem que perderam a noção de quem são. A autoestima pode estar destruída, e o medo de “não conseguir sozinha(o)” pode paralisar. Por isso, buscar ajuda psicológica, terapia ou grupos de apoio faz toda a diferença. O processo de cura envolve reconectar-se com sua essência, redescobrir seus gostos, limites e valores. Com o tempo, você se fortalece e percebe que merece respeito e amor de verdade.
6. Construir uma nova rede de apoio
Retomar amizades antigas, fazer novos vínculos e se abrir para experiências saudáveis é parte da recuperação. Ter pessoas ao seu redor que validem seus sentimentos, que ouçam sem julgar e que ofereçam apoio genuíno é essencial. Essa rede vai te lembrar, dia após dia, que você não está sozinha e que há vida e amor fora do abuso.
7. Evitar a culpa e entender que a responsabilidade não é sua
Muitas vítimas se culpam por ter “deixado chegar nesse ponto”, ou pensam que poderiam ter feito algo diferente. Mas é importante entender: a culpa nunca é da vítima. O abusador faz escolhas conscientes de machucar, manipular e controlar. Você não é fraca, nem boba. Você sobreviveu e está tomando as rédeas da sua vida novamente. Isso é corajoso.
8. Lembrar que o processo não é linear
A recuperação emocional pode ter altos e baixos. Você pode sentir saudade, raiva, dúvida, tristeza, tudo isso faz parte. Não se cobre perfeição. Sair de um relacionamento abusivo é como se libertar de uma prisão invisível: cada passo importa, mesmo os pequenos. E se em algum momento sentir vontade de voltar atrás, lembre-se do motivo pelo qual você decidiu sair.
9. Celebrar sua liberdade e reconquistar sua vida
Aos poucos, você vai perceber que está respirando mais leve, dormindo melhor, sorrindo com mais sinceridade. Voltar a viver plenamente, tomar decisões por si, fazer planos sem medo, tudo isso são conquistas reais. Celebre cada vitória, cada avanço, e saiba que o mais difícil já passou: você escolheu a liberdade.
Fontes: Telavita; Não Era Amor; Hospital Santa Mônica; Terra; Vida Simples