As configurações familiares têm passado por mudanças significativas nos últimos anos, refletindo a diversidade das relações contemporâneas. Uma das formas mais intrigantes de manter um relacionamento é a prática de casais que vivem separados, mas ainda assim compartilham a vida juntos. Essa dinâmica, que pode soar curiosa para alguns, exige uma comunicação eficaz, respeito mútuo e carinho constante.
Nesse modelo, os parceiros podem surpreender um ao outro durante a semana ou reservar os finais de semana para desfrutar de momentos juntos. Essa abordagem foi, em parte, influenciada pela pandemia de Covid-19, que forçou muitos a permanecerem em casa, mas também os incentivou a encontrar maneiras criativas de nutrir seus relacionamentos. A seguir, apresentamos mais detalhes sobre essa tendência e como ela está se consolidando na sociedade atual.
Como funcionam os casais que vivem separados?
1. O casal tem oportunidade de crescer de forma singular
A psiquiatra Nina Ferreira revelou que esse tipo de relação se intensificou na pandemia. Com o fim das restrições, o fato de morar separado veio como um artifício para contornar os problemas comuns entre casais. A profissional acredita ainda que essa estratégia seja usada como uma forma de driblar as frustrações e não ter que lidar com elas.
Mas não existe o certo e errado nessa situação! Cada casal é livre para viver da forma que decidir, apesar de enxergar a situação como uma grande oportunidade de se conhecer melhor e crescer por dentro, ampliando suas ferramentas para lidar com a vida.
2. Faz da saudade uma aliada
Casais que vivem separados afirmam que é bom ficar um tempo longe para sentir saudade um do outro e não viver a rotina, que para muitos pode ser algo complicado dentro de uma relação afetiva. Eles defendem ainda que levar a vida dessa maneira tem vantagens sobre os outros casais.
Em geral, como o tempo a dois é menor, eles tendem a aproveitá-lo de forma mais intensa. Outro grande ponto deste tipo de relacionamento é que ele lembra um namoro, ou seja, o começo de tudo, onde os sentimentos são mais aflorados.
3. Individualidade
De acordo com os casais que vivem desta maneira, a “individualidade é bem forte” para eles. Por mais que amem estar na companhia um do outro, também gostam de ter seus próprios espaços e momentos com os amigos. Isso não quer dizer que não existam conflitos. Têm, mas são bem menores.
Quais são as vantagens dos casais que vivem separados?
1. Razões práticas
É comum encontrar casais que vivem assim nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa. De acordo com um estudo relacionado ao tema, a maioria deles escolhe essa vida por razões práticas. “Enquanto nos mais jovens, os motivos estão mais ligados aos estudos ou ao trabalho, por exemplo. Outra explicação, de acordo com a pesquisa, é que os mais jovens usam como uma espécie de experiência inicial para depois decidir se irão ou não morar juntos”, comentou a terapeuta de casais Marina Simas de Lima.
Para os casais mais velhos, as razões são outras. “Entre os divorciados e viúvos, é vantagem por causa dos filhos de relacionamentos anteriores que desejam manter a independência ou têm medo de passar por novas decepções amorosas. Há também aqueles que querem morar separados para resistir às normas tradicionais do casamento e viver uma relação mais aberta e liberal”.
2. Maior tempo de qualidade
Como foi dito, morar separado deixa um espaço para sentir saudade. Logo, os casai que vivem dessa maneira, aproveitam mais a presença um do outro quando finalmente estão juntos. É possível marcar viagens para os finais de semana, quando os dois puderem, vivenciando melhor o tempo de qualidade.
3. Vida singular
Uma das maiores vantagens de viver em outro lar, é o maior contato com família e amigos. Cada um pode ter o seu círculo de amizades, suas demandas diárias diferentes, tendo sempre o que conversar com a parceria. O bem-estar pessoal faz com que o casal possa nutrir melhor a relação a dois.
Mas será que casais que vivem separados dão certo?
Para Denise Miranda de Figueiredo, psicóloga, terapeuta de casal, família e co-fundadora do Instituto do Casal, esse tipo de vida em casas separadas pode sim funcionar para alguns casais. E funcionar muito bem. Ela defende que dependendo da forma como os dois agem, pode ser uma grande vantagem.
“Cada casal tem seu próprio jeito de estabelecer como esse modelo irá funcionar. Todavia, é possível ter projetos e objetivos em comum, mesmo vivendo em casas diferentes. Assim, não é o espaço físico que estabelece a identidade conjugal, mas como o casal constrói sua dinâmica, seu funcionamento, além claro da qualidade do vínculo afetivo”.
O que determina o relacionamento conjugal é, de fato, a troca de afeto. Portanto, com a distância, o casal deve discutir obre as trocar e se isso vai ser algo que incomoda um dos dois.
Existem evidências científicas que apontam que viver separado, mas estando junto de outra pessoa, pode ter alguns benefícios que ajudam a fortalecer a relação a longo prazo. Por exemplo, um estudo de 2019 publicado na revista The Sociological Review descobriu que viver distante e ter maior satisfação com a parceria pode aumentar o desejo de dividir um lar no futuro, dando aos casais uma visão mais clara de como seria um casamento de coabitação ideal.
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Fontes: GShow; Instituto de Casal; Forbes; Abril; Correio Braziliense; O Tempo