Peegasm é uma prática pouco comentada, mas bem comum. Trata-se de segurar a urina ao máximo para esvaziá-la de uma só vez depois. De acordo com os praticantes, a sensação é bem parecida com um orgasmo. No entanto, pode trazer riscos à saúde, uma vez que impede um processo natural do corpo.
Sendo assim, a recomendação é evitá-la. Diante disso, decidimos trazer mais detalhes a respeito do peegasm e seus perigos.
O que é peegasm?
O termo ganhou força na internet nos últimos anos. Mas por que esse nome? “Pee” significa urina em inglês. Enquanto “gasm” vem de “orgasm”, ou seja, “orgasmo”. Como costuma acontecer nesses casos, a expressão foi vista pela primeira vez num fórum da internet, no caso, o Reddit. Sendo assim, a técnica consiste em segurar o xixi ao máximo, de propósito, para ter uma sensação parecida com o orgasmo na hora de se aliviar.
Mas, como dito acima, a prática é totalmente desaconselhada pelos médicos. É comprovado que traz danos a saúde. Um dos riscos é a insuficiência renal, que pode ser uma realidade em casos mais graves. O aconselhado é buscar os métodos tradicionais de atingir o orgasmo, que traz benefícios à saúde de forma geral.
Por que ocorre a sensação semelhante ao orgasmo?
De acordo com a Juliane Dal Magro, uroginecologista, a resposta para essa questão está na anatomia do corpo. Ou seja, o clitóris, que é o principal órgão de prazer feminino, fica próximo a uretra. Esse é o nome dado ao canal por onde sai o xixi. Sendo assim, a bexiga cheia acaba estimulando os nervos e os músculos na região, o que proporciona uma sensação agradável.
Quando a mulher enfim solta a urina, a musculatura relaxa, o que dá uma sensação de prazer. Graças às redes sociais, o assunto se tornou pauta e ganha cada vez mais destaque. Mas será que é possível que, de fato, a mulher tenha tido um orgasmo?
De acordo com a ginecologista Simone Vaccaro, é possível sim. O ápice pode acontecer por causa das terminações nervosas no local. A médica contou, ainda, que já atendeu mulheres que conseguiam chegar ao orgasmo fazendo abdominais, por exemplo.
Enquanto isso, a uroginecologista Juliane acredita que essa busca está mais relacionada a sensação do alívio. Ou seja, não somente pelo orgasmo. Portanto, vale ressaltar – novamente – que segurar o xixi pode causar vários problemas para o corpo.
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Quais são os riscos dessa prática?
Segundo Simone, a bexiga funciona como um balão. Quando ela enche demais repetidamente, vai perdendo elasticidade e ficando cada vez mais cansada de voltar ao tamanho normal. Segurar o xixi de propósito, como acontece no peegasm, força esse balão muito além do que ele foi feito para suportar. Com o tempo, isso pode prejudicar a inervação e a capacidade de contração da bexiga, que é justamente o que permite que ela esvazie direitinho.
Quando essa musculatura começa a falhar, o impacto não fica só ali. Todo o assoalho pélvico sente. A pessoa passa a ter mais risco de incontinência urinária e pode até chegar ao ponto de ter dificuldade para esvaziar a bexiga por completo. E quando a urina fica parada ali dentro, o ambiente perfeito para infecções se forma.
Simone reforça que a urina é uma excreção. Ou seja, é algo que o corpo está tentando eliminar porque não serve mais. Ela carrega germes, bactérias e resíduos que não deveriam permanecer ali. Quando ficam estacionados, a infecção urinária encontra terreno livre para aparecer e voltar.
Outro problema é a pressão que uma bexiga muito cheia exerce nos rins. Esse esforço extra, quando repetido muitas vezes, pode prejudicar o funcionamento deles e abrir espaço para problemas mais sérios, como insuficiência renal. Ou seja, não é só um desconforto passageiro, é algo que mexe com o corpo inteiro.
Além disso, quando alguém segura a urina com frequência, o reflexo natural começa a ficar confuso. A pessoa perde um pouco da sensibilidade e só percebe a vontade quando já está no limite, o que vira um ciclo perigoso. Sem falar que o excesso de tensão na região pélvica pode levar a dor crônica, que atrapalha desde a rotina até a vida sexual.
Os músculos que sustentam a bexiga, o útero e o reto também sofrem com essa sobrecarga. Com o tempo, eles podem ficar mais fracos e até favorecer quadros de prolapso, quando algum órgão “desce” mais do que deveria dentro da pelve, algo que pode ser bem desconfortável e complicado de tratar.
No fim das contas, o recado dos especialistas é que prazer não precisa machucar o corpo. Há muitas formas saudáveis de explorar a própria sexualidade, mas brincar de segurar xixi não é uma delas. Respeitar os sinais do organismo, ir ao banheiro quando der vontade e cuidar bem da saúde do assoalho pélvico são escolhas muito mais seguras, e que preservam sua saúde a longo prazo.
Fontes: Drauzio Varella; Gaucha ZH; Metrópoles
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dougherty JM. Male Urinary Retention: Acute and Chronic. StatPearls. 2024. Este texto aborda as complicações da retenção urinária, incluindo infecções do trato urinário, disfunção da bexiga, insuficiência renal, alterações estruturais e de contração da musculatura vesical. NCBI
“Comprehensive assessment of holding urine as a risk factor for urinary tract infection (UTI)”. Jagtap S. et al., 2022. Estudo que discute a hipótese do ato de segurar a urina como fator de risco para infecções urinárias — ainda com limitações de evidência, mas relevante para debate científico. PMC
“Is It Safe to Hold Urine for Long? How Your Bladder Responds to Delayed Voiding”. Institute of Urology (resumo). Este artigo aborda os possíveis danos à musculatura da bexiga, risco de infecções urinárias, formação de cálculos renais, retenção crônica e — em casos mais graves — complicações renais.
