Embora viver um romance seja algo construtivo e prazeroso, muitas pessoas têm medo de se relacionar por motivos individuais. Elas se sentem desconfortáveis em aprofundar relacionamentos interpessoais, sejam amorosos ou não, devido a uma variedade de razões, que podem incluir a incapacidade de compartilhar suas crenças, sentimentos, sexualidade, experiências e pensamentos.
Esses receios são as principais forças que impedem alguém de avançar em relacionamentos e contribuem para a solidão. Embora essas pessoas não desejem necessariamente ficar sozinhas, seu comportamento, mesmo que indiretamente, tende a afastar os outros. Vamos explorar mais detalhadamente esse tema a seguir.
O que causa o medo de se relacionar?
1. Perda dos pais
Os pais frequentemente representam a relação mais próxima para a maioria das pessoas no início da vida. Portanto, perder um ou ambos os pais, de alguma forma, pode despertar o sentimento de abandono. Essa sensação pode perdurar pela vida adulta, aumentando a dificuldade para essa pessoa se abrir a novos relacionamentos, por medo de enfrentar outro abandono.
Em muitos casos, isso pode se manifestar como ansiedade nas relações, levando o indivíduo a sentir-se constantemente desconfortável quando está com alguém.
2. Família muito próxima
Observar famílias muito unidas pode transmitir a ideia de que os membros se amam profundamente. No entanto, o excesso de proximidade pode dificultar a compreensão dos limites individuais, resultando em problemas de apego, intimidade e dependência. Em ambientes assim, a compreensão de nossos papéis e a definição de nossa própria intimidade podem ficar confusas.
A intensa proximidade pode dificultar o relacionamento com pessoas de fora, prejudicando assim o aprendizado que teríamos em relações amorosas.
3. Negligência emocional
Só conseguimos compartilhar a vida com alguém de forma saudável depois de entendermos o valor dessa pessoa e reconhecermos que ela merece nossa atenção. Isso significa que devemos passar por um longo processo de aprendizado primeiro.
Se fomos negligenciados durante a infância e adolescência, criados por pais emocionalmente ausentes, acabamos desenvolvendo desconfiança em relação aos sentimentos dos outros. Além disso, aprendemos a tratar os outros da mesma maneira.
4. Negligência generalizada
Se um indivíduo cresce em um ambiente desestruturado e sem a atenção necessária, acaba sendo forçado a desenvolver autonomia muito cedo. Ao chegar à fase adulta, enfrenta uma grande dificuldade em confiar nos outros e assume o cuidado com a própria vida de forma integral. Torna-se difícil compartilhar seus desafios diários e aceitar ajuda externa.
5. Pais dependentes químicos
Pessoas que sofrem de abuso de substâncias, como o álcool, geralmente enfrentam uma negligência generalizada. Crianças criadas em ambientes assim muitas vezes não recebem o cuidado necessário e se sentem perdidas em relação à maneira de lidar com as mudanças bruscas de comportamento. Isso acarreta em consequências negativas na vida adulta
6. Pais com problemas mentais
Pais que enfrentam problemas mentais não tratados também prejudicam o aprendizado das crianças sobre a troca de intimidade. O Transtorno de Personalidade Narcisista é um exemplo disso. Para lidar com pais assim, a criança precisa aprender a se adaptar à forma como eles agem. O grande problema é que, no futuro, elas não aprendem a se adaptar às outras pessoas.
7. Abuso verbal
Ao ser constantemente abusada verbalmente na infância, a criança tende a desenvolver inseguranças. Pais que utilizam palavras como ‘incompetente’, ‘inútil’ e ‘burro’ fazem com que o filho cresça com medo de ser ridicularizado ao compartilhar seus sentimentos. Isso cria traumas e barreiras na hora de expressar suas vulnerabilidades
8. Abuso sexual ou físico
Crianças que passam por situações traumáticas se fecham para o mundo. É uma maneira de se proteger do dano emocional e físico. A consequência disso é a dificuldade de confiar em outras pessoas.
Se quem cometeu o abuso for um familiar próximo, principalmente pai e mãe, ou quando a criança não é acolhida ao compartilhar o abuso sofrido. Em casos mais extremos, elas ainda precisam conviver com o abusador, o que piora a situação.
9. Medo de compromisso
Na maioria dos casos, a pessoa que tem medo de se relacionar opta por evitar interações com outras pessoas, muitas vezes evitando primeiros encontros. No entanto, à medida que o compromisso aumenta e a entrega se torna mais necessária, essa pessoa pode buscar novos motivos para encerrar a relação e se afastar.
Assim, em vez de aprofundar os sentimentos, melhorar a intimidade e construir uma relação de confiança e amor, essas atitudes transformam os relacionamentos em algo superficial e passageiro.
10. Ansiedade
A ansiedade pode ser a causa raiz dos problemas de relacionamento com as pessoas. Quando se é uma pessoa ansiosa, é comum ter dificuldade em viver o presente, uma vez que se passa grande parte do dia projetando pensamentos negativos e medos relacionados ao futuro. Isso atrapalha a vivência de relacionamentos saudáveis.
6 dicas de como superar o medo de se relacionar
1. Trabalhe a autoestima
Deixe de lado os pensamentos negativos e crenças limitantes. O primeiro passo é parar de se considerar inferior e pior do que outras pessoas. Portanto, não cultive a ideia de que não é uma boa companhia e que não merece a atenção de alguém. Para melhorar a autoestima, você pode começar listando suas competências e qualidades, colocando-as acima de seus pontos fracos.
Embora não seja uma tarefa simples, é importante melhorar sem transformar tudo em um poço de tristeza e lamentações. Procure ser a melhor versão de si mesmo, tendo clareza de que possui vários pontos a serem melhorados, mas que eles não diminuem o mérito de suas qualidades e conquistas.
Quando você aprende a se valorizar, as pessoas ao seu redor também enxergarão essas qualidades.
2. Autoconhecimento
O autoconhecimento é uma das ferramentas mais poderosas para superar os medos. Quando nos conhecemos melhor, torna-se mais fácil entender a origem dos sentimentos e controlá-los, permitindo-nos buscar os caminhos certos para seguir em frente.
Existem diversas maneiras simples de praticar o autoconhecimento no dia a dia, como terapia, escrita, yoga, meditação e leitura. No entanto, sinta-se à vontade para buscar atividades que façam mais sentido para você e que auxiliem ao longo dessa jornada, que pode demandar tempo.
3. Considere uma posição vulnerável
Em todos os tipos de relacionamentos, precisamos nos colocar em uma posição de vulnerabilidade em algum momento. Isso significa estar pronto para se abrir ao desconhecido e ter coragem de expor as próprias fragilidades de forma honesta.
Isso não é sinal de fraqueza! Pelo contrário, é quando somos capazes de nos relacionar com alguém sem medo de ser quem realmente somos, com todas as imperfeições, tornando-nos diariamente mais fortes. Apesar de ser amedrontador no início, não podemos permitir que o medo de ser vulnerável nos impeça de criar laços verdadeiros com nossos parceiros.
4. Não tenha medo da perda
Uma das principais razões que levam as pessoas a evitarem relacionamentos é o medo da perda. A partir do momento em que se estabelece uma relação, é preciso estar preparado para perder aquela pessoa, seja por escolha do outro ou por circunstâncias inevitáveis.
Não há garantia de que as pessoas com quem nos relacionamos estarão sempre presentes. Portanto, o medo do abandono não pode limitá-lo a ponto de evitar se entregar a alguém.
5. Desenvolva Inteligência emocional
Quando desenvolvemos inteligência emocional, começamos a ter maior reconhecimento e controle sobre as próprias emoções.
Além disso, ainda exercitamos a empatia, aprendendo a se motivas diante de frustrações e desenvolvendo melhor as atividades sociais. Ao elevar essa Inteligência, consequentemente estaremos nos desenvolvendo para superar os próprios medos vinculados aos relacionamentos.
6. Faça terapia
Se, mesmo seguindo todas as dicas, você não conseguir vencer o medo de se relacionar, é importante buscar ajuda de um profissional. A terapia é altamente recomendada para trabalhar o autoconhecimento, as emoções e lidar com diversas situações que afligem o dia a dia.
O acompanhamento com um profissional especializado em relacionamentos torna-se essencial para orientar o processo de descoberta sobre como superar o medo de se relacionar. De modo geral, a terapia é recomendada para todos os tipos de relações.
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Fontes: Vittude; Ambiente Psi; Pscologia Dochorn; Arita; Terra; Psicólogo