Terminar um relacionamento sem qualquer explicação não é uma coisa nova ou recente na vida das pessoas. É relativamente comum desde muito tempo. Mas com a popularização da internet a prática recebeu um nome que está se tornando muito popular: “ghosting”. Isso porque o aumento de usuários dos aplicativos de relacionamento fez com que o ghosting ganhasse força.
De acordo com Suy, psicanalista e autora do livro “A gente mira no amor e acerta na solidão”, levar ghosting, ou melhor, tomar perdido de um namorado ou namorada pode afetar drasticamente a vida de um indivíduo. Confira conosco mais detalhes sobre o assunto a seguir.
O que é ghosting?
Imagine você se relacionando com uma pessoa, criando um laço e,sem motivo aparente, a pessoa some. Ela para de mandar mensagem e começa a impedir qualquer tentativa de contato partindo de você. Essa é uma situação difícil, mas comum. Isso é ghosting!
Essa atitude de se retirar por completo da vida de alguém sem qualquer explicação tem levantado muitas discussões principalmente na internet. O termo em inglês tem relação direta com a palavra “ghost”, fantasma. Junto com o prefixo “ing”, se torna uma ação.
No português as pessoas a encaram como “dar um perdido” ou, de forma mais popular, “dar um chá de sumiço”, por exemplo. Isso não é exagero, pois essas pessoas se tornam basicamente um fantasma. Isso é frequentemente normalizado e pode causar traumas, decepções e vários problemas sérios.
Qual é o motivador do ghosting?
Existem vários motivos. Possivelmente não seja 100% intencional, pois pode estar relacionado a traumas pessoais, como dificuldade em expressar sentimentos, medo ou uma sensação de fragilidade no relacionamento. Contudo, é necessário considerar a possibilidade de que a pessoa esteja agindo de forma insensível. Às vezes, ela pode acreditar que está agindo no seu próprio interesse.
“Independentemente do motivo, estamos lidando com uma forma de imaturidade emocional”, destaca a especialista em medicina comportamental, Carina Pirró. Portanto, não é possível determinar exatamente o que leva alguém a encerrar um relacionamento dessa maneira, mas podemos concluir que, quando alguém desaparece sem explicação, trata-se de uma decisão voluntária.
“Não é comum que alguém simplesmente esqueça de retornar uma ligação em um relacionamento, ou esteja tão ocupado que nunca mais atenda. A decisão de encerrar a relação foi tomada”, afirma. É importante ressaltar que o ghosting não está restrito a relacionamentos amorosos.
Essa prática ocorre em relacionamentos amorosos, namoros, ‘conversas’, ficadas e até mesmo em amizades. Existe uma forma de ghosting instável, em que a pessoa desaparece e depois reaparece como se nada tivesse acontecido.
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Quais são as consequências para as vítimas de ghosting?
Segundo a psicoterapeuta americana Elisabeth J. LaMotte, “quando se analisa a psicologia dos que praticam o ghosting, em alguns casos se vê que foram feridos por pessoas que consideram mais importantes que eles mesmo e já sofreram rompimento de relacionamentos que não processaram corretamente”.
J. LaMotte ainda ressalta que “em algumas ocasiões não têm consciência do dano que causam”. Para piorar, como já foi dito, a prática se tornou ainda mais comum com o aumento de usuários nas redes sociais e em aplicativos de relacionamento.
“Para a pessoa vítima de ghosting, pode ser uma experiência muito dolorosa. A rejeição causa dor. E o ghosting é uma rejeição vaga que faz que o processo de dor do rompimento seja mais longo”, continuou a psicoterapeuta americana.
LaMotte ressalta também que “no começo, as pessoas passam por um processo de negação e buscam desculpas para explicar a situação, como a outra pessoa ter perdido o telefone ou ter aparecido uma emergência”. E para concluir, disse que “quando se conscientizam da realidade, precisam enfrentar a dor de saber que o outro não se incomodou para dar dignidade à relação e dizer adeus”.
O fim de um relacionamento, por muitas vezes, é o momento mais importante, pois é uma oportunidade de crescimento emocional. Por isso é preciso saber lidar corretamente com esses acontecimentos se for uma vítima.
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O que fazer ao ser vítima de ghosting?
De acordo com a psicóloga Carina Pirró, a melhor forma de lidar com isso é respeitar o que aconteceu. É interessante deixar a pessoa que partiu, não tentar mais contato com ela. Além disso, cerque-se de pessoas que realmente se importam om você. Uma pessoa que partiu não merece o seu esforço.
É importante sempre lembrar-se disso, pois levar um ghosting pode gerar muitos traumas em alguém. A pessoa pode desenvolver baixa autoestima, ter crises de identidade e ansiedade, além de desenvolver depressão (em alguns casos).
“Lembre-se: esse comportamento não diz nada sobre você. Pare de procurar sua culpa nisso”, aconselhou Carina, que destaca que não tem como ficar se culpando por algo que o outro fez. “Sei que você busca uma explicação e eu vou te dar: essa pessoa não teve maturidade para ser justa com você e não se importou com seus sentimentos. Então, ela não é a pessoa certa para você ter um relacionamento feliz”, finalizou.
Também é válido refletir que caso alguém não queira mais fazer parte da sua vida da mesma maneira de antes, nem sempre é um caso de ghosting. Quando ela é transparente com você desde o começo, talvez isso seja apenas falta de interesse ou vontade de continuar o que estavam vivendo. O importante é ter responsabilidade afetiva com quem você se relaciona.
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