Uma dúvida que muita gente tem é: flertar é traição? Quase sempre se está em um relacionamento, pode ser visto como infidelidade sem perdão, mas isso vai depender do casal e seus acordos, que podem ser únicos.
Mas, de modo geral, muitas pessoas ainda não aceitam isso e encaram como falta de respeito e infidelidade, sim. Portanto, é preciso conversar com a parceria para se alinhar da maneira correta. A seguir, falamos melhor sobre o assunto, com um olhar profissional. Confira.
É normal flertar estando em um relacionamento?
Flertar enquanto se está em um relacionamento é uma daquelas situações que muita gente já viveu, pensou ou se perguntou se é certo ou errado. E, honestamente, os especialistas dizem que não existe uma única resposta certa. Tudo depende do casal, do contexto e, principalmente, dos combinados entre os dois.
A terapeuta Esther Perel, por exemplo, fala muito sobre como o desejo e a atração por outras pessoas podem continuar existindo mesmo em relações saudáveis. Para ela, um flerte leve pode até ser natural, desde que não machuque ninguém.
Já o pesquisador John Gottman alerta que certos flertes, mesmo parecendo inofensivos, podem abrir espaço para o que ele chama de microtraições. Essas são aquelas atitudes que parecem pequenas, mas vão corroendo a confiança com o tempo, principalmente quando são escondidas ou têm segundas intenções.
O ponto principal é outro! Flertar só vira um problema real quando ultrapassa os limites do respeito e da confiança que o casal construiu. Em alguns relacionamentos, um charme inocente é visto como algo normal; em outros, isso pode ser doloroso. O que faz a diferença mesmo é o diálogo sincero. Falar sobre o que cada um sente, pensa e espera evita mal-entendidos e fortalece a conexão.
No fim das contas, mais do que evitar qualquer contato com o mundo lá fora, o mais importante é escolher, todos os dias, priorizar quem está ao seu lado, com transparência, cuidado e respeito.
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Flertar é traição?
A resposta mais honesta para essa pergunta é que depende. Vai depender do tipo de flerte, da intenção por trás dele e, principalmente, dos acordos que existem no relacionamento.
Para alguns casais, um olhar mais demorado, um elogio ou uma conversa mais envolvente com outra pessoa pode ser visto como algo leve, até natural. Já para outros, qualquer sinal de interesse fora da relação pode ser sentido como uma quebra de confiança. O que define se é traição ou não é o limite emocional de cada casal, e isso precisa ser conversado.
Especialistas como John Gottman apontam que certos flertes, mesmo sem contato físico, podem se transformar em traições emocionais, especialmente quando envolvem segredos, fantasia ou desejo de algo a mais. Nessas situações, mesmo sem um beijo ou toque, o vínculo com a outra pessoa já começa a competir com o da relação principal, e aí o flerte deixa de ser inofensivo.
Por outro lado, nem todo flerte é sinal de infidelidade. Às vezes, é só uma troca passageira, um gesto inconsciente, algo que não tem peso real. O problema não é o flerte em si, mas o que ele representa dentro daquela relação específica.
No fim das contas, o que mais importa é a honestidade entre o casal. Se há clareza sobre o que fere ou não a confiança, tudo fica mais leve. Traição não é só o que acontece com o corpo mas si, muitas vezes, o que machuca o coração do outro.
Como lidar com a parceria que flerta com outras pessoas?
Lidar com uma parceria que flerta com outras pessoas pode ser doloroso, principalmente quando isso mexe com a autoestima e a segurança emocional. O mais importante é reconhecer o que você está sentindo e entender o que exatamente te incomodou, sem se culpar por isso.
O próximo passo é conversar de forma honesta, sem acusações. Fale sobre como o comportamento te afeta, usando suas emoções como ponto de partida. Em vez de apontar erros, compartilhe o que sente. Isso abre espaço para que o outro também explique seu ponto de vista, às vezes, a pessoa nem percebe que está passando dos limites.
Se o flerte for constante e a outra pessoa não demonstrar respeito ou disposição para mudar, talvez seja hora de refletir se essa relação está cuidando de você como deveria. Em um relacionamento saudável, a gente precisa se sentir seguro, ouvido e valorizado.
Fontes: Claudia; Ampliare Psicologia; Metrópoles; Marriage
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEREL, Esther. Casos e Casos: repensando a infidelidade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.
PEREL, Esther. Inteligência erótica: o sexo no cativeiro – repensando o desejo no casamento. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.
GOTTMAN, John; SILVER, Nan. Os sete princípios para o casamento dar certo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020.
GOTTMAN, John; GOTTMAN, Julie Schwartz. O que faz o amor durar? Como construir confiança e evitar a traição. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.