Segundo a definição dos psicólogos John Mayer e Peter Salovey, a inteligência emocional é a habilidade de monitorar nossos próprios sentimentos e emoções, assim como os daqueles que nos cercam. Trata-se da capacidade de discernir emoções e utilizá-las de maneira construtiva para orientar nossos pensamentos e ações.
Essa competência representa um passo significativo em direção à melhoria da qualidade de vida, influenciando positivamente nosso comportamento e a maneira como aceitamos as pessoas ao nosso redor. Diante da relevância desse tema, apresentamos a seguir mais detalhes para uma compreensão mais aprofundada. Confira
O que é inteligência emocional?
Segundo a psicologia, inteligência emocional é a capacidade de identificar e lidar com as emoções e sentimentos pessoais e das pessoas próximas. Um exemplo disso é uma pessoa que consegue terminar suas tarefas e atingir todas as suas metas, mesmo que esteja sentindo-se triste e ansiosa ao longo do seu dia de trabalho.
Isso quer dizer que essa é uma habilidade que permite o melhor gerenciamento dos sentimentos e a forma que agirão com base neles.
– Origem do conceito
A primeira referência conhecida desse termo remonta ao século XIX, sendo atribuída a Charles Darwin, o pioneiro da teoria da evolução. Naquela época, o conceito mais preciso estava relacionado à expressão emocional, diferindo do modelo que temos hoje.
No século XIX, a teoria estava mais vinculada ao instinto de sobrevivência e à concepção evolucionista de adaptabilidade, ao invés de refletir o sentido que associamos à inteligência emocional nos dias atuais. Posteriormente, já no século XX, surgiram novas ideias acerca da inteligência social. Nesse contexto, a ênfase recaía sobre a capacidade humana de compreender e motivar uns aos outros, juntamente com a teoria das inteligências múltiplas, a qual abordava aspectos intra e interpessoais.
Howard Gardner, psicólogo da época, foi a primeira pessoa a se dedicar a compreender seus próprios sentimentos, medos e motivações. Essas, sem dúvida, foram referências importantes que contribuíram para a formulação da atual definição de inteligência emocional.
No entanto, o termo em si foi utilizado pela primeira vez somente em 1990 pelos pesquisadores Peter Salovey e John D. Mayer, na revista ‘Imagination, Cognition and Personality’.
Todos esses cientistas, teóricos, psicólogos e pesquisadores desempenharam papéis significativos no desenvolvimento do conceito e nos estudos sobre inteligência emocional. Contudo, nenhum deles teve um papel tão marcante quanto Daniel Goleman, escritor e autor do best-seller ‘Inteligência Emocional’, lançado em 1995.
– Daniel Goleman
A obra de Daniel Goleman vendeu 5 milhões de cópias e foi traduzida para 40 idiomas diferentes, tornando-o o grande responsável pela popularização do tema e levando a discussão para além dos limites da academia, alcançando diversas camadas da sociedade.
Ao contrário de seus antecessores, o autor adota uma linguagem mais acessível ao público em geral, facilitando a compreensão. Outra característica marcante é o tom persuasivo de Goleman, que se manteve como colunista do The New York Times por 12 anos.
Durante esse período, ele escrevia no caderno de ciências, concentrando seus textos especialmente no comportamento humano e no funcionamento do cérebro. De maneira geral, Goleman foi pioneiro ao aprofundar-se na complexidade da inteligência emocional.
Segundo ele, por meio dos resultados de seus estudos, diversos aspectos de nossa personalidade estão associados às habilidades cognitivas. Entre suas principais contribuições técnicas está a criação do conceito de Quociente Emocional (QE), que complementa o Quociente de Inteligência, o famoso QI.
De acordo com Goleman, a capacidade de um indivíduo em lidar com suas emoções é mais importante do que sua competência em processar informações. Segundo ele, o sucesso de uma pessoa está 80% relacionado ao seu QE, enquanto o QI é responsável pelos outros 20%.
Quais são os pilares da inteligência emocional?
O primeiro passo para desenvolver e praticar a inteligência emocional é entender os cinco pilares dela. Dominá-los é fundamental para que não tenhamos atitudes impulsivas. Ou seja, somente dominando os cinco pilares, é possível ter maior controle das próprias emoções, o que facilita a construção de relações saudáveis.
Os três primeiros pilares são intrapessoais, enquanto os dois últimos são interpessoais, sendo eles:
1. Conhecer suas emoções
O primeiro pilar é a autoconsciência, ou seja, a capacidade de compreender como as emoções funcionam. Portanto, trata-se de entender como elas surgem, suas origens e como se manifestam. Esses sentimentos desencadeiam dois tipos de reações: as físicas e as psicológicas.
As reações psicológicas envolvem pensamentos e crenças, enquanto as físicas se manifestam em sensações como arrepios e taquicardia, por exemplo. Um sentimento como a angústia pode desencadear crenças limitantes e pensamentos negativos que remetem à falta de capacidade, assim como manifestações físicas como palpitações e dores abdominais.
2. Controlar suas emoções
O segundo pilar é a autorregulação das emoções, ou seja, a competência de gerenciar os sentimentos. Após conseguir reconhecer o que você sente, torna-se mais fácil controlar as mais diversas sensações.
Seguindo o exemplo anterior, suponhamos que você sinta angústia em alguma situação rotineira de trabalho, gerando as respostas físicas e psicológicas mencionadas. Para começar a dominar esse sentimento negativo, é preciso identificar primeiro as circunstâncias que o despertam.
Várias estratégias podem ser úteis nesse sentido, como conversar consigo mesmo ou manter um diário pessoal. A ideia principal é sempre lembrar que você tem uma escolha, e o controle das emoções está em suas mãos!
3. Desenvolver a automotivação
Esse pilar diz respeito a motivar-se e manter-se motivado. Para isso, é preciso usar as emoções sempre a seu favor, em prol de algum objetivo específico, seja ele profissional ou pessoal. Se uma de suas metas for ser promovido, o exercício a ser feito é: como posso gerir meus sentimentos de modo a tomar as decisões mais assertivas que me permitam aproveitar essas oportunidades?
Privilegiar a razão em qualquer cenário parece ser a decisão mais óbvia, mas, na verdade, a chave para o sucesso está no equilíbrio entre as duas esferas.
4. Desenvolver empatia
O quarto pilar é o primeiro a abordar as competências interpessoais, indo além das habilidades individuais, nas quais precisamos lidar somente com nosso íntimo. O desenvolvimento da empatia, nesse caso, transcende o conceito convencional de ‘colocar-se no lugar do próximo’.
Aqui, adiciona-se a esse exercício o reconhecimento de que as pessoas que nos cercam, como família, amigos e colegas de trabalho, também possuem suas próprias emoções e necessitam aprender a lidar com elas. Talvez esse seja o estágio de desenvolvimento da inteligência emocional delas que está atrasado em comparação ao seu, mas não há espaço para julgamentos.
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5. Desenvolver o relacionamento interpessoal
O ser humano vive de suas relações. Desde o começo dos tempos, nos unimos para sermos mais fortes. É dessa forma que superamos os maiores obstáculos. O quinto e último pilar trata sobre isso.
A real necessidade de nos relacionarmos com o outro e como as competências sociais podem ser realmente úteis nesse sentido.
8 dicas para desenvolver sua inteligência emocional
1. Pratique a empatia
A empatia é uma das ferramentas fundamentais da inteligência emocional. É importante entender as pessoas, tentar imaginar como elas se sentem em determinada situação e, somente a partir daí, se comunicar de forma que eles entendam e sem prejudicar ninguém. Isso é ter empatia.
Comece por se questionar: “Por que me sinto assim? Por que faço as coisas desta maneira?”. Preste muita atenção aos seus próprios sentimentos e atitudes, pois isso o ajudará a entender melhor as emoções das pessoas que te cercam.
2. Esteja consciente dos sinais do seu corpo
Atente-se aos sinais que o seu próprio corpo transmite a todo momento. Seu organismo e seus comportamentos fornecem diversas pistas importantes sobre suas emoções e bem-estar. Tudo isso tem consequências diretas na sua vida, afetando-a de forma positiva ou negativa. É necessário ter consciência disso!
Comece a observar os detalhes de como está sua mente e corpo. Só então, tome as medidas necessárias que tragam qualidade de vida e afaste-se do que não te faz bem.
3. Respeite os seus limites
O primeiro passo para reconhecer seus próprios limites é o autoconhecimento. Respeite os seus limites, defina as suas prioridades e cuide do seu bem-estar, evitando frustrações e sentimentos negativos.
Observe que quem possui inteligência emocional sabe olhar para si próprio e para os outros com as lentes de sua experiência. Ao contrário, aquele que não respeita seus próprios limites está caminhando rumo às frustrações e outros sentimentos negativos, como culpa e arrependimento.
4. Pense bem antes de agir
É fundamental saber a diferença entre reagir de forma impulsiva e responder de maneira consciente na inteligência emocional. Já se questionou sobre a diferença entre responder aos estímulos rapidamente e reagir – este último é um processo muitas vezes inconsciente? Responder deve ser algo consciente.
Em outras palavras, busque responder após perceber como você está se sentindo e, só então, comportar-se de uma maneira ou outra. O imediatismo é o inimigo da acuidade. Pense bastante antes de reagir. Tente evitar que o lado emocional do cérebro funcione mais rapidamente do que o seu lado racional.
5. Treine o seu cérebro
Sim, é possível treinar o seu cérebro para que ele desenvolva comportamentos emocionalmente inteligentes. Transforme esses comportamentos em hábitos que enriqueçam sua vida e sua carreira.
6. Evite julgamentos precipitados
É preciso paciência e perseverança para desenvolver inteligência emocional! Este pode ser um processo lento e gradativo, variando muito de caso para caso. Portanto, evite fazer julgamentos precipitados em relação ao comportamento ou opiniões de outras pessoas.
Pense de forma cuidadosa antes de tomar qualquer decisão ou emitir juízos. Assim, você evita erros e injustiças, aspectos fundamentais nos relacionamentos interpessoais e no dia a dia profissional.
7. Gerencie a ansiedade e o estresse
Por mais que haja um esforço para que não aconteçam, as situações estressantes no trabalho e na vida pessoal são inevitáveis. É aí que entra a necessidade de saber lidar com a ansiedade e o estresse. Para ter o equilíbrio exigido nessas ocasiões, o melhor método é aprender a administrar a pressão da melhor maneira.
Cada um precisa descobrir qual a melhor forma para cuidar da mente e manter a calma nas diversas situações. E isso não é algo complexo. Atitudes simples como sair de algum ambiente e dar uma caminhada, tomar um chá ou fazer exercícios podem ser um ótimo remédio.
8. Lide com emoções negativas
Ninguém está imune a emoções negativas, mas gerenciá-las é fundamental para o desenvolvimento da inteligência emocional. Em vez de reagir de forma impulsiva a eventos negativos, concentre-se primeiro em buscar soluções e opções para lidar com essas situações.
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17 benefícios de desenvolver a inteligência emocional
Depois de entender bem o que é a inteligência emocional e a sua importância para a vida pessoal e profissional, podemos entender que não se trata de uma habilidade muito fácil de ser desenvolvida e, por esse motivo, exige paciência e muita dedicação.
Antes de começar a se dedicar a essa mudança, é importante conhecer os benefícios que ela pode proporcionar nos dois campos da vida. Confira a seguir.
– Inteligência emocional da vida profissional
Os principais benefícios que a inteligência emocional proporciona na vida profissional são:
- Maior poder de decisão;
- Contribuir para uma melhor convivência com os colegas de trabalho;
- Aumento da produtividade;
- Diminuição da ansiedade no trabalho;
- Torna a pessoa responsável e comprometida;
- Aumento do foco para o cumprimento das tarefas diárias;
- Equilíbrio emocional diante das mais diversas situações;
- Capacidade para traçar metas
- Saber administrar da melhor forma o tempo.
– Inteligência emocional da vida pessoal
Enquanto isso, os benefícios que a inteligência emocional pode proporcionar para a nossa vida pessoal são:
- Relacionamentos mais duradouros;
- Equilíbrio na vida pessoal;
- Bem-estar;
- Satisfação com a vida de modo geral;
- Capacidade para encarar e resolver da melhor forma os problemas que surgem no dia a dia;
- Ajuda a diminuir a ansiedade diante dos mais diversos conflitos internos;
- Autoconhecimento;
- Diminui os riscos de desenvolver depressão, considerada por muitos a doença do século.
Com isso fica claro que a inteligência emocional é de extrema importância tanto na vda pessoal, quando profssonal. Lidar com diferentes pessoas e situações diariamento pode ser chave para ir além em todos os campos e obter sucesso em todos eles.
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Fontes: Fia; CR Basso; Zenklub; Na Prática;